sábado, 2 de outubro de 2010

"O VOO DAS BORBOLETAS"

A beleza das coisa está mais no que conseguimos, do que naquilo que está à nossa volta. A violação dos códigos de honra, as cedências que somos obrigados a fazer, a desilusão por voltarmos tantas vezes à estaca zero, a hipocrisia com que chefes tratam os seus subordinados, só porque tem o estatuto de chefes, quando na verdade não passam de burros ao quadrado, porque não tem sequer a humildade de assumir um erro e isto por falta de competência para assumirem o seu cargo, como para resolver o seu erro. A injustiça ´e as inverdades  da vida sempre me doeram muito.
Há cedências terríveis, mas por vezes necessárias, que nos afastam das nossas verdades simples: mas, há muito mais grandeza numa cedência do que no autoritarismo que apenas serve para vincar as distâncias, mas nunca os valores. Não posso sentir que minha vida fique nublada; não serei nunca prisioneira da incompetência, nem do medo, que sistematicamente é aplicada para mostrar quem manda.
Serei observadora, mas nunca calada: serei atenta, mas nunca arrogante: serei lutadora mas nunca injusta; serei suave mas nunca serei capacho de ninguém. Voarei sempre com a liberdade das borboletas.
Hoje não sei o que me doí?
Apenas quero voar o voo das borboletas.

Quero ser borboleta e voar até ao sol
Tocar as estrelas e mergulhar até ao mar
Quero ser a borboleta e o caracol
Quero voar andar na terra e descansar.
Quero ter a força dos dinossauros
Estar atenta e ter a sabedoria
Suficiente para nunca ser injusta
Quero ter dor mas muito mais alegria
Lavar minha alma nos lagos de água pura.
Sou mulher, sou humana a vida doí
Mas a luta é uma constante morrerei
De pé como as árvores, o moinho moí
Mas eu como a borboleta voarei.
Não! não afundarei as minhas verdades
Voarei pelas mais altas montanhas
Aos ventos gritarei das minhas vontades
Justiça até ao desgaste das minhas entranhas.

(Angelina Alves)


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

"Sinto medo"

Se Deus é o mestre da justiça!
Eu sei... julgo que sei que é:
Porque sinto eu, por vezes minha alma seca?
Não! não quero que me falte a esperança,
Não quero a insanidade da tristeza;
Não quero olhar os vales sombrios
Como cristais destilados...
Se Deus é o mestre da justiça1
Eu sei que Ele é, então, eu quero
Dissolver-me no sol, para sentir
Que o deserto é o meu corpo, e, passear
Para lá das sombras dos vales  e
Lá poder saborear a essência pura
Dos vales intocáveis...
Mas, agora! nesta hora,
Sinto esta angustia desentendida
Que me fere até à alma,
Esta dor que me cansa...
Vejo o romper da aurora e
Deixo que a vida me ordene
O que devo seguir.
E, eu seguirei, quero livrar-me
Desta falsa paz.
Que o meu encontro com a vida
Seja igual a mim mesma.
Que a vida me conduza
Às águas dos mais puros regatos
Pelos mais suaves atalhos
Para que depressa minha alma
Seja tranquilizada
Minha calma seja restaurada
Ou então que seja eu capaz
De passar por todos os vales tenebrosos
Sem medo; sem nenhum medo recear.
Não perder a esperança
Que a justiça de Deus me há-de ajudar
Sinto medo oh! se sinto...

(Angelina Alves)