sábado, 14 de maio de 2011



“TEMPO”

Olho o meu mundo infantil

Num estado de primavera envolvente

Navego em meus pensamentos saindo deste mundo Hostil

Onde o egoísmo a dor mata tanta gente...

Navego assim de mãos dadas com o vento

Aquecida no calor de mil sóis

Construo meus alicerces no meu tempo

E, no mar eu desfraldo os meus caracóis…

Ganho força, ganho vida, ganho luz

Nesta minha vida onde vivo sem quimeras

Revejo todos os passos que minha vida conduz

Refaço-me na beleza de todas as Primaveras…

Canto o hino dos orvalhos matinais

A vida que em meus poros respira

E tu tempo que vens e vais

E tu vida que és minha vida…

 
(Angelina Alves)

domingo, 8 de maio de 2011

"MULHER"



"MULHER"

Ser mulher é ter uma alma talhada

Para com nobreza cumprir o seu destino

É viver em cada madrugada

Todos os sorrisos cantados em hino.

Ser mulher mãe esposa e amante

Olhar sua alma com clareza

Ser navegante e sábia constante

Na junção do amor e da beleza.

Ser mulher é ter esperança na vida

É ter desejo a um sonho superior

É ser o sol a lua a chuva colorida

Vestida de branco em vestes de amor.

É ser guerreira lutadora e brilhante

É ser felina sábia é ser culta e delicada

É a beleza triste nos olhos rasos de água

Quando a presença do seu amor não é constante.

Ser mulher é olhar a vida com clareza

É viver sua glória em liberdade

É subir a escalada do sonho com firmeza

Ser mulher é amar-se com verdade.

Ser mulher é ter coragem de assumir

O mau e o bom derrotas ou vitórias

E saber por nos olhos lágrimas a sorrir

Quando sua vida é recortada em histórias.

Ser mulher é olhar os Deuses sentados

Com a sabedoria que lhe é tão genuína

É ler os seus sonhos calados

Escritos como se fossem poesia.

(Angelina Alves)



sábado, 7 de maio de 2011

" EXTRACTOS"


Não se entra duas vezes na mesma nuvem, mas o amor nunca acaba quando queremos. Há frases que nos vão ficando na memória e esta, eu li e memorizei porque a achei interessantíssima. O amor é misterioso no seu nascimento, ainda mais misterioso no seu crescimento e, insondável na sua morte. Eu tenho-te amado no meu silêncio, tenho - te amado e desejado, mesmo não sabendo mais se existe alguma coisa entre nós, uma vez que trocaste as nossas conversas diárias pelo silêncio. Sinto que o fim do nosso sonho se anuncia como certo. A última vez que nos encontramos já lá vão cinco meses. Reconheço agora que nos nossos gestos silenciosos havia já o rasto da tristeza dos amores perdidos, que são os amores sem futuro. A última vez que falámos ao telefone, quando falaste da nossa distância, eu te dizia que a distância até aproxima as pessoas quando elas têm alguma coisa para dar uma à outra, mas acho que já tinhas começado a desistir de mim. O Natal passou e o silêncio permaneceu entre nós.


No entanto a minha memória guarda-te na minha pele, assim vais ficando, no cheiro, no eco da voz, no sabor da boca, no toque dos dedos de mãos dadas, dos nossos passeios a pé, o teu olhar calado e fixo, atento e preso, muito mais eloquente que mil poemas de amor.

Mas eu sei que voltarás; eu sinto que voltarás, não sei se isto é bom, ou mau, não sei…

Voltarás daqui a meses, ou mesmo anos e até ao teu regresso ficamos os dois a pensar como é que somos suficientemente loucos para viver uma impossibilidade e suficientemente sensatos para não sofrer com ela. No entanto eu tenho mais sorte, porque vou uns passos largos à tua frente: já sei onde é a minha casa e já encontrei a minha missão na terra. Tu procuras ainda muitos caminhos, por isso ainda não podes escolher nenhum.

Gostava que a tua casa fosse o meu coração. Se assim fosse, saberias sempre o caminho de volta, mesmo que o teu espírito nómada e fugidio te leve sempre para as cavernas e tocas, onde te refugias do mundo.

Mas o meu coração é enorme, sabias? Deve ser o equivalente a um T-5 com um quarto em suite, escritório, uma biblioteca imensa, sala de Verão, jardim e piscina, com espaço para os cães, a família e os amigos. Uma lareira sempre acesa e um frigorífico sempre cheio e muitos filmes à espera de noites sossegadas a olhar o por do sol desaparecer pelos vales que se estendem ao longo da minha casa na minha pequena aldeia que tanto te encantou. É lá que eu vou procurar o teu olhar e pensar em ti sem que ninguém me atrapalhe o pensamento.

( Angelina Alves)

domingo, 1 de maio de 2011

"Mãezinha"





No meu coração em toda a minha vida por ti o meu amor sobe
Nasce e renasce em todas as aventuras e desventuras
O teu tempo no meu tempo ganhou alma e tu mulher que a fome
Encantou pela noite equilibrada, imponderável - vissicitudes e agruras
E  em desejo devoras-te a flor do vinho envolveste as tuas mãos
Numa espuma de crepusculos e crateras , numa luta de ir e ficar
Descerrá-te as tuas mãos em tristezas diurnas e nocturnas
Em dores tanto choradas com lágrimas que eram só tuas
E quando entre a nuvem e o arbusto sentis-te o cheiro acre e puro
Da tua entrega incliná-te por dentro do sono as tuas mãos nuas
O teu copo vazio o teu prato lavado, a rosa respirando
Contra o ar. A tua voz cantou - A tua alma vibrou e teu punho duro
Ganhou a força de uma mulher guerreira.
Em ti me inspiro no teu nosso mar os centauro do crepúsculo
Que aspiraram longamente a nossa vida e nos uniram na brisa de um sorriso
Por todos os desertos, por todos os mares
 Por todas as mortes, por todas as vidas.
Murmurei no teu ventre, beijei o degrau do teu espaço
Descobri as tuas mãos em caricia 
Que trouxeram a mim o vento  suave, a luz inocente das urzes
O silêncio, a palavra da montanha, o cheiro da flor da giesta
Conheci contigo a força da espada,
As danças, as superstições
Os cânticos da noite e da madrugada
E todo o valor que tem a vida
Acolinhei-me em teus cabelos como  lençóis da mais pura seda
Em todas as minhas noites e dias a força do teu grande abraço.
Por tudo isto minha querida Mãezinha obrigada.

(Angelina Alves)