terça-feira, 13 de dezembro de 2011

"SOCORRO"




Eu, não deixo de ser um menino!

De onde eu vim?

Apareci aqui sozinho?

Não tenho pai, não tenho mãe

Porque teve de ser assim

Estar só neste caminho

Trilhado com tanta dor:

“Socorro” peço a alguém

Que perca tempo a pensar

Na tristeza que o meu olhar tem

Vivo na rua sozinha

Tenho fome e tenho frio

Vivo a deambular

Sem afectos e sem carinho

Quem de mim se vai lembrar?

Para sobreviver

Aprendi a roubar.

Serei adulto precocemente

Farei parte de turmas rivais

Espezinhado por toda a gente

Por onde andam os meus pais?....

Há violência entre nós

Crianças da mesma idade

Porque nas ruas vivem sós

Onde anda a igualdade?

Por onde anda a justiça?

Por onde andas humanidade?

Porque vivem tantas crianças

Nas ruas desta cidade?

Vingam-se até à morte

Entregues à sua sorte

Deambulam de noite e de dia.

E, ninguém quer saber

Da felicidade e da alegria

Que logo no seu nascer

Sem afectos sem amor

No seu coração

Sem ninguém a quem dar a mão

Viu a sua vida a descer pelo cano da rejeição

Tanto há para fazer

Para lhes aliviar a dor

E, não as deixar nas ruas a morrer.

“Socorro”

Escrito por: Angelina Alves



domingo, 11 de dezembro de 2011

"Terno olhar"



(Dedicado à minha querida filha)

Oh! como é doce lembrar os tempos
Da tua infância, da tua vida em flor
Os da inocência de brancos arminhos
De ternuras e mil carinhos
Do meu amor por ti, tão grande amor
Tu, eras tão pequenina
Tão terna e tão carinhosa
Eras a minha princesinha
Delicada como uma rosa
Criei-te ajudei-te a crescer
Os trilhos da vida  te vi vencer
Construis-te a tua vida com muitos sorrisos
Nas crateras abris-te caminhos
No teu jardim vi flores a crescer
Em mil promessas prometidas
Meus olhos nos teus alegrias
Vidas, tão cheias de vidas em flor
Mas ai! um dia turvou-se o meu olhar
Um rasgo na primavera da tua vida
Fitei para ti meus olhos a suspirar
E, nos teus vi o que eu mais desejaria
Vi força, esperança num terno olhar
O teu olhar profundo
Que sem palavras me dizia
Lutarei eu neste mundo
Enquanto a morte não me asfixia.

Escrito por: Angelina Alves)




sábado, 10 de dezembro de 2011

"SAUDADE"



Há um rio dentro de mim
Onde navega minha saudade
São os sorrisos de vós e de ti
Minha  infância minha liberdade.
Pudesse eu desfolhar ao vento
Todas as rosas que eu pudesse colher
Fazer com elas o nosso leito no tempo
Aquele tempo que nos viu crescer
Sinto falta do teu apoio
Que me davas com tanto vigor
Sinto falta das nossas venturas
Dos nossos abraços com mil ternuras
Do nosso aconchego, tão cheio de amor.
Falta-me o calor que de ti vinha
 Aquecia a minha alma de noite e de dia
A tua força que de tudo me protegia
Aquele coração no seu, o meu amava
De ti meu amor eu fiquei escrava.
Há um rio dentro de mim
Que desagua no teu coração
Este meu rio sem fim
É nosso por eleição.
Tu foste o meu belo Infante
Eu, a tua rosa mais bela
Agora tudo passa por um instante
 Como um filme por uma tela.

Escrito por: Angelina Alves



Amália Rodrigues - Estranha forma de vida (1965)