Eu, não deixo de ser um menino!
De onde eu vim?
Apareci aqui sozinho?
Não tenho pai, não tenho mãe
Porque teve de ser assim
Estar só neste caminho
Trilhado com tanta dor:
“Socorro” peço a alguém
Que perca tempo a pensar
Na tristeza que o meu olhar tem
Vivo na rua sozinha
Tenho fome e tenho frio
Vivo a deambular
Sem afectos e sem carinho
Quem de mim se vai lembrar?
Para sobreviver
Aprendi a roubar.
Serei adulto precocemente
Farei parte de turmas rivais
Espezinhado por toda a gente
Por onde andam os meus pais?....
Há violência entre nós
Crianças da mesma idade
Porque nas ruas vivem sós
Onde anda a igualdade?
Por onde anda a justiça?
Por onde andas humanidade?
Porque vivem tantas crianças
Nas ruas desta cidade?
Vingam-se até à morte
Entregues à sua sorte
Deambulam de noite e de dia.
E, ninguém quer saber
Da felicidade e da alegria
Que logo no seu nascer
Sem afectos sem amor
No seu coração
Sem ninguém a quem dar a mão
Viu a sua vida a descer pelo cano da rejeição
Tanto há para fazer
Para lhes aliviar a dor
E, não as deixar nas ruas a morrer.
“Socorro”
Escrito por: Angelina Alves