O que já foi noite, o que já foi dia:
Sinto o meu mar interior que se esvazia,
Agarro a vida que me foge; corro e beijo
Beijo a raiz de mim em desassossego
O que eu fui e o que me passou ao lado
De um tempo ferido, mais que de passado
Sou alegria, sou tristeza; olho o tempo.
Olho as luzes em noites de agonias,
Há vidas nas vidas da incerteza
Sonhos perdidos por entre os dedos; mãos vazias.
Olho o veludo das flores e a sua firmeza,
Olho os campos e os matos em cantarias
Sento-me, olho a vida, sento-me à sua mesa.
Olho o lago, sinto o vento que ele encerra
Olho a beleza da vida e a sua contradição
Escrevo a música da água com sofreguidão
Olho e reinvento o começo da Primavera em versos.
Olho e reinvento o começo da Primavera em versos.
De mim. Olho e reinvento ondas irregulares mas ténues
As que me vestem e acompanham nos meus passos
E me trazem à vida dos sonhos imersos.
E me elevam no tempo de flores a Júpiter e a Vénus.
Atiro para longe o meu saco de agonias
Revejo e adiro ao meu jardim em flor
Ah! lume que me queimas, me ludibrias,
Sem comentários:
Enviar um comentário