"VIAGEM"
Abrem-se no ar novos espaços
Numa palavra branca
Ao dia abro meus braços
Numa ternura longa e branda
Preencha meu dia
Num desejo de paz
Brindo a timinha poesia
No segredo das pedras
E das flores nela adormecida
Com tristeza
Parto mas engrandecida
Saio seguindo meus passos
Vou ver o Rio Tejo
Onde resplendem navios
Vou ver a minha antiga cidade
Onde estão meus filhos
Vou ver as avenidas e as ruas
Onde ficaram caladas
Melodias com letras nuas
Vou ver o castelo com suas fadas
E sem desvios eu vou
Para as ilhas encantadas
De novo o mar
E suas belas praias
Vou ver as montanhas
Cortadas pelo vento
Enfeitadas com fios de prata
De uma pura liberdade e encanto
E se ligam aos céus em hinos de graça
Os vales verdes de tons terra natural
As furnas quentes e ofuscas
Num fim de tarde sem igual
É nesta hora que eu olho dentro de mim
A esta hora do lusco-fusco
A hora que fica em mim um som suave brando
Brando tempo depois de um tempo brusco
Vou ver as cores inconfundíveis das açucenas
Sentir os mais belos aromas das flores
Vou deitar-me à beira do mar
De ondas leves e serenas
E na praia dos grandes amores
A chamada praia da sorte
Uma promessa eu vou fazer
Seja a sul seja a norte
Eu para ti vou viver
Voltarei para contigo festejar
O mistério da vida
Numa onda musical.
(Angelina Alves)
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