segunda-feira, 15 de outubro de 2012



Escrevo para ti, em voz baixa: Escrevo-te porque não me ouves, nem sequer entendes o que escrevo; escrevo para ti que me envolves de alegria, de tranquilidade e me sossegas a alma. O meu coração sente o teu, os meus olhos olham-te, sentem-te no meu pensamento leve. Toco-te, na manhã, no dia e na noite do meu sossego. Escrevo-te porque me sinto  renovada, porque a minha cidade, que é também a tua , ganhou nova cor, o nevoeiro matinal tem a luz do sol e o ar aquece suavemente o nosso jardim onde reavivaram todas as flores tocadas pelas tuas mãos ternas e doces. Tu! meu anjo minha luz que apareceste na minha vida de uma forma tão especial. Nem sempre a cultura é sinónimo de inteligência. Não és culto; mas, a sabedoria da tua vivência faz de ti um homem sábio  e de grandes qualidades, de grandes saberes, de alma nobre, capaz de grandes mudanças na viva de alguém que já tinha perdido a esperança de voltar a ser feliz; Ser feliz em toda a excepção da palavra, como já o tivera sido antes.
Estar contigo e mimar-te, é o meu doce e terno caminhar. Acariciar os teus cabelos, beijar a tua face, as tuas mãos e olhar o teu sorriso, sempre tão cheio de força, tão envolvente e tão maravilhosamente contagiante...
 A tua força de viver e a tua beleza interior, enchem -me de esperança, de beleza, harmonia, sossego e tranquilidade. Esta paz! Paz desconhecida, nunca me acontecera isto antes, pelo menos de  forma tão inequívoca. Tenho algum talento para encontrar pessoas com quem descubro quase instantaneamente múltiplas afinidades, mas o que senti naquela tarde era diferente, muito mais profundo e, no entanto, infinitamente mais simples. Como que tivéssemos feito parte da vida um do outro desde sempre e a existência, por uma misteriosa razão, tivesse separado o que deveria ter unido. Talves a minha visão seja demasiado poética, exagerada, mas o amor é isto mesmo, ou se vive sem limites, ou então não vale a pena. Nós dois somos muito parecidos, embora eu, seja o avesso do teu avesso e é no mínimo  curioso sermos ambos do mesmo signo Peixes. Adorei-te logo, desde o primeiro instante, mas fiquei quieta, não quis que percebesses, pensei convidar-te para um passeio, mas temi que me achasses precipitada, só porque nos tínhamos conhecido à poucas horas.O que eu queria era ficar contigo todos os minutos possíveis, como acontece aos apaixonados, mas também queria fazer tudo bem feito e por isso contive-me deixando o momento respirar e sonhar contigo acordada, desejando que fizesses o mesmo. Nas nossas primeiras conversas achei-te uma pessoa só e triste, com uma tristeza muito semelhante à minha, profunda e silenciosa, que desejamos esconder dos outros, não vão tomá-la como uma falta de carácter, e, então apeteceu-me dar-te o meu tempo e a minha companhia. Os nossos passeios pela cidade e à beira rio eram feitos em silêncio como que cada um pensasse na impressão que causara ao outro e eu desejava ardentemente estar à tua altura e no entanto, tu, na tua solidão, exausto e inquieto pensavas o mesmo. Porque o amor é isto mesmo; olhamos para o objecto amado no pedestal onde nós o colocamos, como um sonho impossível, uma nuvem que quase se consegue tocar, uma imagem à qual queremos ascender, uma miragem na qual desejamos mergulhar para sempre. Apaixonamos-nos para nos podermos elevar no mundo como ele é, dos seus cinismos e da sua brutalidade inevitável. O amor serve para voar por cima das coisas más.O amor transforma os homens em heróis e as mulheres em fadas.E o meu amor por ti dá-me asas para sonhar, arriscar, descobrir, rir, sentir e, mais importante do que tudo isto, escrever. Os poetas falavam das musas porque eram homens. Se fossem mulheres teriam certamente os seus musos, como tu. Os dias passaram-se seguidos de grande magia e eu, cada vez mais me sentia ligada a ti.
-Talvez te pareça um absurdo o que te vou dizer, ou mesmo estranho, porque para mim também é, quando falamos de nós sinto que te posso dizer tudo porque tu, irás sempre perceber e aceitar qualquer coisa que te diga. Já te falei do efeito devastador que os teus olhos negros tem em mim, tu sabes. Eu sei que o mesmo acontece contigo quando me falas tocando nas minhas mãos e me olhas profundamente na alma acelerando o meu coração no meu peito que quase explode...
Já se passaram três meses e continuas a surpreender-me tão positivamente. A nossa tristeza e a nossa solidão foi removida com a nossa força que ambos temos dentro de nós. Afinal foste a estrela que deu luz à minha vida. Sempre acreditei que andar de mão dada é um dos gestos mais intímos que pode existir entre um homem e uma mulher. Há muito tempo que não senti esta magia. Caminhar descalça à beira mar de mãos dadas: foi mágico, foi divinal. Caminhar ao lado de alguém de mão dada é das melhores sensações do mundo. é um gesto tão inevitável e natural que se torna impossível de fabricar. Tal como os abraços, não há abraços inventados; ou se dão com o corpo e o coração aberto, ou então morrem antes dos braços se abrirem. Porque as mãos dadas e os abraços são manifestações de afecto puro.  Obrigado por teres aparecido na minha vida. Obrigado por seres quem és, essa pessoa linda, tão simples e  tão cheia de encanto.



Em mim, silêncio brando e breve

Anunciou o ritmo da alegria à vida

Ritmo de vida, manhã, amanhecida

Entre uma luz que deve ter nascido

Do orvalho da água na doce magia

Que me fez voltar ao dia alegre e vivo

Ritmo, que trouxe o mel doce e fino

Aos meus lábios quentes, para ti o meu sorriso

E toda a alegria do meu viver

Um simples olhar

Um sorriso terno

Renascer - amar

Tu! És belo.

(Escrito por: Angelina Alves)









segunda-feira, 10 de setembro de 2012

"EXTRACTOS"


A vida corre tranquila do lado de fora da minha janela; ouço os carros que se movimentam na minha rua, ouço a tosse dos velhos que, todos os dias se sentam à mesma hora e se levantam à mesma hora como que esquecidos de tudo e por todos.  Há o riso das crianças que brincam na praceta do jardim e alegram a paisagem num contraste distanciado de gerações. O sol percorre o seu caminho atravessando o azul do céu de toda a minha cidade. O meu olhar apanha um pássaro e voa para os caminhos livres do céu Vejo o rio sereno e grandioso como que fosse o meu saudoso Rio Tejo. Olho os campos secos pela falta de chuva e as árvores como mãos viradas para o Criador a pedir água, paz e preteção divina. Voo por todo o meu Portugal e pouso aqui e ali, onde o meu coração ficou anestesiado...
Tenho a sorte de ter nascido um espírito livre, ou de me ter tornado um espírito livre, apesar da educação austera, da culpa católica, da noção do pecado e expiação, do medo do castigo divino. Não sei que força interior venceu todos os meus medos e derrubou todos os padrões, mas tenho hoje a certeza de que me é algo próprio e inato.
Fixo os olhos no rio, a luz ficou demasiado forte e, ao reflectir-se na água, irradia milhões de pontos de luz que cegam o olhar mais temerário. Haveriam pintores que se aqui estivessem pintariam como loucos, o dia inteiro, sem parar, até ao cair da noite.
Eu pinto o mundo com as palavras, porque, como todos os sonhadores, gostava que o mundo fosse outro lugar mais belo e mais fácil, menos sujo e injusto, com menos lixo nas ruas e no coração das pessoas. Pinto o mundo, não como é, mas como gosto de imaginar que pode ser. Foram as pessoas que olharam para o mundo e sonharam que ele podia ser diferente que o conseguiram mudar. Partiram em caravelas, inventaram a electricidade, construíram caminhos- de- ferro, transformaram desertos em jardins, florestas em cidades e foram à lua: Só há duas coisas que nunca mudam no coração dos homens: O ódio e o amor.
Não sou dona do tempo nem de nenhuma verdade, a não ser daquilo que sinto.

Os dias aos dias sucedem
Suas noites no tempo
Transpiram flechas e ardem
No tempo: Tempo de medo
Quis eu rever a vida-mas só vida;
Aquela que nos ensina a sonhar
A que não penaliza a diferença
Igual para todos o verbo amar...
Sem tempo para ter medo
Transpirar orvalhos doces de palavras
Quentes e cheias de esperança
Agarrar o mundo e voar nas suas asas
Serei livre como os pássaros
Viverei à luz do sol, dos rios e dos vales
Mesmo em tempos de mudança..
.
(Escrito por: Angelina Alves)




sábado, 14 de julho de 2012

"Hoje tudo é mais fácil"



Hoje sinto as palavras vindas da lua aberta
Colhi os sorrisos de todas as cores na minha mão
Sinto os "Deuses" espalhados por toda a terra
Hoje sinto paz e alegria no meu coração
Apaziguram-se os vales, as montanhas e o deserto
E, até a bravura do mar acalmou e nas suas ondas silência
A calmaria dos sonhos povoados de si, tão perto
Bailam nas suas ondas os amores da noite e do dia.
Hoje sinto que tudo está mais fácil
Que a dureza da vida deu tréguas à minha alma nua
E, sem vestes me encontro como uma menina lua
Nesta imensidade de luz ainda mais desperta
Hoje reforçada na minha esperança, na minha espera.
Hoje falo para vós, para ti e para vida maravilhosa
Que me encanta, que me entorpece e que me extasia
Hoje esvrevo os meus versos em prosa
Transbordo das minhas mãos a minha alegria
Hoje a delicia extrema do cantar da vida está em mim
A boa noticia entrou no meu coração e adoçou o meu olhar
 Depois da forte neblina,  inesperadamente o sol voltou a brilhar
Em pleno meio dia tocaram os sinos; alegria sem fim.
O influxo traiçoeiro de Vénus desvaneceu do cântico do pássaro
Que se refugiou nas florestas perdidas do amazonas distante
Boas vindas à alegria, ao sorriso,  ao brilho do sol e ao abraço
Hoje sinto que tudo está mais fácil: Que a nossa/tua vida cante.

(Escrito por: Angelina Alves)





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sexta-feira, 13 de julho de 2012



“Extratos da minha viagem”

As lágrimas acabam por possuir um efeito curativo, é que sem dor nada se trata. Em toda a minha vida já chorei mais do que falei. Tantas vezes me sentei no meu sofá afundada na minha tristeza. Tu! Tantas vezes me dizias: Es uma mulher fora da tua época. Na altura pouco entendia das tuas sufisticadas palavras, porque eu, sentia-me tão pequenina junto de ti

Quando finalmente acordei, anestesiada de tanto mimo segredas-te ao ouvido, agarrás-te nas minhas mãos e disses-te: Agora janta comigo. Nessa altura era jovem demais, não tinha premonições, nem ligava nada a essas coisas do destino, eu, achava que era tudo conversa fiada. Achava que cada um tinha o seu destino nas mãos e que eramos nós e só nós responsaveis pelo que nos acontece, mas também sabia que o acaso, por vezes é tão cruel e duro, é como que se Deus se recusasse a assinar por baIxo .

Tive na vida muita companhia; fui criada numa casa cheia de amor e tenho os melhores amigos do mundo, que me ajudam a pensar, a lamber as feridas, a escolher os caminhos novos e a crescer. Mas penso demasiado em tudo, tenho sempre coisas para dizer aos outros e sei que os outros, nem sempre têm tempo ou paciência para me ouvir.

Temo que todas as palavras que escrevo não passem de fragmentos de uma confissão. Fico sempre com a sensação que falta o essêncial, que o mais importante ficou por dizer.

Preciso de me sentar todos os dias ao computador e escrever, quase conpulsivamente. Habituei-me à companhia das palavras, ao silêncio da minha casa,  os vales  que avisto da minha janela , aos meus discos de jazz e de música clássica, únicos intrusos admitidos nos momentos de peregrinação interior, que é afinal o que tento fazer neste silêncio opaco. E acreditem muito mais que vontade, é uma nesessidade. É por isso que os musicos tocam, que os pintores pintam, que os escultores esculpem, que os atletas correm. E eu que em criança metia conversa com toda a gente, eu que falo com as flores, com as árvores, com os animais e até com as pedras da rua e dos montes e lhes conto a minha história de vida, mas preciso de me sentar todos os dias na minha secretária e escrever. Escrever sobre vós, sobre mim, sobre ti e sobre a vida….

“Rever a vida é fazê-la renascere”

(Escrito por: Angelina Alves)

sábado, 23 de junho de 2012

"ETERNIZO ESTE INSTANTE"


(Imagem retirada da Net)

Olho a terra oscilante entre o dia e a noite
Que se mantém firme no solo
Inconstante no mar
Através deste tempo que nos une
Que nos separa
E que me faz ouvir a cântico dos pássaros
Que dançam um yé-yé que me encanta e ampara.
Eternizo este instante com todo o cuidado de que sou capaz
Como que já tenha vivido este instante
Há séculos e séculos atrás
E tu, que suportas-te a noite e o longo dia
Ouvis-te comigo o cântico dos pássaros
Assim permanece e petrifica a alegria
Nos teus dias felizes em todos os teus passos.
Estes dias foram teus, absolutos
E meus também, foram densos e tensos
 Foram surdos e foram mudos
Foram cheios de sofrimento, de espera e ansiedade
Até que ouvimos o cântico dos pássaros
Que sobrevoavam por cima de nós, por cima do rio
Dançam em sintonia e com beleza o yé-ye da liberdade
Vive a flor da semente entorpecida
Da terra oscilante. A esperança  estava por um fio
Agora seguro a tua mão - de novo - renascida.
A mesma origem. O mar que nos inunda
Que nos lava as as feridas da vida
Ontem, como hoje. Eu, tu! Nada muda.

(Escrito por: Angelina Alves)




sábado, 9 de junho de 2012




(Imagem retirada do Gougle)

De repente, a tarde, o dia ficou escuro cinzento
Caia uma chuva cristalina vista pela minha janela
As montanhas lá ao fundo perdiam-se com o vento
Soprava forte, mas, a tarde, não deixou de ser bela.
Um cheiro a terra molhada chegou às minhas narinas
Unindo-me ao dia e à sua vida sentida em expulsões
 Em círculos de amor nos corações de todas as vidas
Nas estrelas, nos astros e em todas as constelações.
O sol! escondera-se para lá da montanha triste
A chuva caia na minha rua, por toda a minha cidade
Molhando os vales, a terra seca que tu um dia viste
E, cai a chuva neste dia de cor cinza, fim de tarde.
Abraço este dia através da paisagem que avisto
Aqui da minha janela.Toco o céu em pensamento
E, chego a ti - Meu Anjo - Chego ao teu sorriso
No vermelho das rosas e dos astros me antevejo.
Mesmo ao fim da tarde, o arco-íris aparece
Sobre as montanhas veladas de bruma
Ouvem-se os tambores. O sol no alto, desce
Há festa na minha cidade banhada de água luna.
Ao fundo a ponte milenária, a que me traz, a que me leva
A que me funde em  Graça e me revela
Todos os segredos da minha cidade, livres e intensos
E reflecte todas as luzes sobre o rio, absolve os ventos densos
Reflecte no seu espelho de água a calma dos vales e suas costa, neves
Assim passa a tarde cinzenta que tu e eu sabemos
Os búzios na minha mão trazem-me o som do mar e suas vestes
Aquecem-me nesta paz, nesta doce magia, que ambos bebemos

(Escrito por: Angelina Alves)










sexta-feira, 1 de junho de 2012

"Olho o sol"




Olho o sol cortado a diamante
Que aquece a terra, aprofunda o dia
Aquece a água do mar confiante
E enche o coração de alegria.
Olho o sol que aquece as areias
Das praias onde deito o meu corpo
Descanso a minha alma olho as sereias
Adormecidas no mar, no leito do seu dorso.
Cantam a melodia dos pássaros que planam nos céus
Dançam na chuva de orvalhos de todas as cores
Olho o sol pela janela dos olhos, meus e teus
Ah sol! Corações, vidas, amores
A ti sol! Eu brindo à tua divina presença
Tu que fazes cada hora do dia ainda mais bela
Brilhas nos corações de uma forma tão intensa
E pintas de multi cores a vida no fundo de uma tela
Como que esta vida seja passada em fragmentos
Ténues, brilhantes de grande profundidade
Procuro-te e sigo-te em todos os momentos
Sem ti sol! sinto na vida a minha fragilidade.
Olho o sol que se abre por toda a terra
Dá vida a todas as raízes de sonho
Nasce a flor no asfalto em cada Primavera
Vivo, ouso no teu sorriso - Amor que em tudo ponho.
Acordo com o brilho do sol na minha alma
Serena olho o dia que acaba de nascer
Beleza viva luz suave. Eu, grata
Ao sol que brilha - na vida de cada ser.

(Escrito por: Angelina Alves)







sábado, 26 de maio de 2012

"Doce quimera"


(Imagem elaborada por: Ana Paula)

Hoje não quero coisas de tristeza
Não quero olhos a chorar
Nem de dor, tão pouco de fraqueza
Quero sorrisos, quero sinos a tocar
Hoje não quero suspiros mudos
Não quero ver, o que não quero ver
Nem que seja por poucos segundos
Quero viver renascer no meu ser
Hoje apenas a minha paz
Aquela que trás o verde da primavera
A que me traz a melodia dos pássaros
E me  transporta a uma doce quimera
Na descoberta da luz dos astros
Hoje apenas quero viver o meu equilíbrio
Sentir as ondas dos mares refrescantes
Olhar as cores vibrantes do arco-íris no rio
Quero ver gente: barcos, navios e navegantes
Quero olhar o céu azul no horizonte
E, ver o sol a brilhar logo no começo do dia
Ver o céu azul e no cume do monte
Sentir vibrar a minha alma de alegria
Quero ver flores no meu e no teu jardim
Viver o sereno de um olhar transparente
Deitar-me em lençóis de flores de jasmim
E, acordar no calor de um sol eloquente
Hoje quero  correr descalça, sentir a terra
Sentir a terra molhada, quente e fria
Sentir vida na vida e na doce primavera
Sejas tu vida! o meu grito de vida


(Escrito por: Angelina Alves)




"Olho o horizonte"



(Imagem retirada da Net)

Olho a montanha que se perde
Para lá do horizonte longínquo
Lembro o prado vasto e verde
Agora: é seco, triste, perdido.
Olho o horizonte
Que se perde no meu olhar
O sol se  perdeu num dia triste
Os vales choram, teimam em ficar
Serenos: folhas secas ,chão! não existe.
Olho o horizonte
Onde o pão nascia abundante
Onde a vinha crescia na terra
O sol nascia brilhante
As flores nasciam até na serra.
Olho o horizonte que se perde no meu olhar
Muito para lá do infinito...
Olho o horizonte
Ouço o pranto dos vales que silenciam
 O bafo dos dinossauros vivos na terra
Que apazigua a dor das aves que criam 
 Os filhotes e sobrevivem na primavera
Olho o horizonte
Há gente sem cara, sem  chão
Apenas pedaços de palavras
Mastigadas numa côdea de pão
Subir escadas! cordas de nós atadas.
Olho o horizonte
Onde se perde o modo de amar
Pede-se licença para viver
Desajustes! formas de estar
Como viver -  como crescer?
Ah! infinito que te perdes
Para lá do vale perdido
De que forma, com que redes
Se pesca o peixe num rio?
Olho o horizonte
Vejo pássaros sem asas caídos 
Vejo rostos feridos na terra
Dinossauros soberbos distraídos
Não há sol. Não há luz na Primavera.

Escrito por: Angelina Alves










domingo, 20 de maio de 2012

"Confrontos de mim"


Um dia  te direi o nome do silêncio
E o pronome da solidão
E a chuva que destroi a cor dos olhos
A distância da dor, do medo
A culpa que afundou toda uma nação
E, todo o entulho feito em molhos...
Eu te direi a luz da cor do vento
O sussurro entreaberto da lua ausente
Falar-te hei das palavras, da paciência
Que é estar na dor viva, ausente, sem tempo
Estar só no meio de tanta gente
 E, viver as saudades da tua ausência...
Um dia eu te direi a face da pedra matizada
Onde nasceu a casa e o jardim
De todas as primaveras, de todas as estações
Fecundadas por todas as gotas de sangue, chorada
Por tantos homens, mulheres e crianças, enfim
De todos os seres  que tem dor em seus corações...
Um dia te direi como foi a ternura quebrada
E, como hoje eu, vejo o mundo em que vivo
Como se esconde o verde perdido na mata
Desliza o sol no silêncio de neve onde eu fico
Sigo a água que cai da montanha
Tento agarrar umas gotas perdidas
Na terra seca que de sede a água apanha
Para lavar todas as suas feridas...
Há intervalos de medo em coisas cheias de nada
Há viagens até ao sol-poente, outro continente
Há filhos e famílias que se perdem cansados
Sem rumo, sofridos;  há tanta gente
Ferida  na sua terra, sentem-se ameaçados...
Eu dia eu te direi o nome do silêncio
E o pronome da solidão
O quanto afastado está o amor da nação
Um dia te falarei do que vejo: Do que penso.
Deste tempo onde amar! não é ser solidário
Desta dor,  talhada e retalhada que me consome
 A justiça! não existe:É sempre ao contrario
Não há amor. Ausência de Tudo.Há fome.

Escrito por: Angelina Alves



 





sábado, 19 de maio de 2012

(Imagem elaborada por: Madalena Borges)

Há vida nas veias do meu castelo

Há vida, na vida da minha história

Há vida no feio, há vida no belo

Há vida no templo da minha memória

Contorno o ciclo da minha vida

Bebo-a a tragos saboreando-a

Cada momento cada gota de alegria

Vive esta alma na vida. Cantando-a

Há vida nas veias do meu castelo

E até na noite do silêncio frio

Há vida na pedra e no ferro

Nas sombras e na luz do rio.

Há vida em torno de mim

Na luz que antecede a noite

No orvalho que antecede o dia

Há vida nas águas da fonte

Águas que de ti bebia

Há vida no meu cansaço adiado

Onde as veias de mim aclamam

Por um tudo que parece parado

Olhos da vida que por mim chamam

Há vida no medo e no silêncio

E nas pedras que se calaram

Há vida no que eu penso e não penso

Ah! A cor das palavras que se cruzaram

Nas cores da vida onde a vida não morreu

E, por toda a terra e por todo o céu

Se erga as coisas da vida nomeadas

Haja vida nas palavras caladas

Doí-me a lua que soluça no mar

Doí-me o tempo em meu pleno tempo

E pelos rostos do sol e do vento

Aclamo as veias de mim, num choro de estar

Num choro de ir, choro de morte e de vida

Manter-me de pé, quando o meu castelo caia

(Escrito por: Angelina Alves)






quarta-feira, 16 de maio de 2012

"Reflexos de ti"


(Imagem elaborada e oferecida por: Madalena Borges)

Olhei as águas frias e plácidas na ânsia
De abraçar o mar azul: buscava ver-te, ter-te
Nas praias da nossa vigilância
No ambíguo de antes de abraçar-te
E, os olhos das nossas janelas
Reflectidas na transparencia das águas do mar
Onde nos sentamos nas ondas e à beira delas
No manto do mar azul deixamos-nos a flutuar.
Ah! este mar imenso de que falo
Do seu cheiro e a cor que tão bem conheço
Refresca-me na sua ausência um doce orvalho
E passa o dia e passa a noite, o teu azul, nunca esqueço
Ando descalça na areia ainda molhada
Tu! passas nas aladas névoas de um vento ausente
Deixo-me transportar nas asas da alegria abençoada
Cruzamos os oceanos, os mares  e a urze inocente
Nos aclama e repõe nas nossas pegadas
O brilho dos olhos das nossas janelas
E, juntos vivemos a beleza delas
Caminhamos na areia molhada de mãos dadas.
Eterna é a nossa terra, a lua e o nosso mar
Que choram por nós um choro oculto
Regam as flores do nosso sorriso a cantar
Ah! Este meu mar meu abrigo. Meu escudo.
Subo às montanhas, o sol brilha na minha alma
Ao fundo o mar azul, plácido, águas reflexo
Escuta-me na sensatez da razão e da vida iluminada 
Viajo pelo céu, pela terra e pelo meu mar azul. Amplexo.

..
Escrito por: Angelina Alves







sábado, 12 de maio de 2012

"DUNAS"




Olho o horizonte que se perde do meu olhar

Lá longe muito para lá do infinito

Estão as dunas das nossas histórias

Areia, ondas suaves transbordavam do mar

Ondas em melodias , cântico tão lindo

Dunas, sonhos, vidas das minhas memórias…

Aperto os dedos nas minhas mãos cheias de nada

Por onde me escorrem lágrimas de tanta saudade

Dunas da minha infância, cidade da minha alegria

Dunas, falésias, amor de uma vida inteira, agora parada

Sem ti, perdi o rumo da liberdade

Perdi as asas nas dunas da nossa vida…

Ah! Lágrimas em que me lavo

Nas dunas das nossas vidas

Ah! Saudades que tanto travo

Vida! Dunas nunca esquecidas…

Chega a mim um fio de água pura

Que me traz á realidade da vida

No céu brilha uma estrela em candura

Aquece o meu coração de sorrisos , de alegria.

A ti cidade, das dunas que eu tanto amo

E, ainda que eu fraquege

E, ainda que de saudades tanto suspire

Mais a mim me fortace

Ah dunas! Saudades que por ti vive…

( Escrito por: Angelina Alves)



sexta-feira, 11 de maio de 2012

"DESENCONTROS"


8Imagem elaborada e oferecida por: Ana Paula)

Caminhei por entre a tua sombra

Em desmedidos gestos me cerquei

Em silêncio e medo

Por caminhos longínquos eu andei

... De ti o meu desencontro

Não há estrelas tudo é ermo

O tempo distanciou-nos impôs-se a nós

Anulou tudo o que nos unia

Deixando-nos distantes e sós

Para nós o afastamento se previa

E vinha a noite e de ti

A saudade me cercava

Brumas miragens me mostravam

À distancia eu por ti chamava

Silenciei as palavras a ti não chegaram

Porém junto aos meus passos

Os teus passos eu sentia

Beijos sonhos abraços

Levados com a minha alegria.

Deixei de ver as cores que eu amava

Deixei de ver o brilho do sol

E a limpidez da água

Deixei de ver o verde da natureza

E a minha cidade sem ti perdeu a beleza

De repente

Olhei a minha sombra sobre a terra

Vi gente

Lembrei quem eu era

E o que a vida tinha feito de mim

A cor cinza não era a cor da Primavera

Não queria ficar assim.

Sentir a dor da minha prisão

Sentir o meu templo abandonado

Foi assim que meu destino ficou marcado

De vaguear na solidão do meu deserto

Sentir o amor desencontrado

Sinti-lo tão longe e calado

E outras vezes senti-lo de mim tão perto

Do meu templo por ti habitado.

(Escrito em 1992 por:Angelina Alves)
 
 
 
 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

"Que encanto"




Vou partir em direcção ao sol que se põe no horizonte

Agarrar todas as palavras que deitei ao vento

E nas pedras eu vou escrever o teu nome

Para que nunca se apague em todo o tempo

Vou partir em direcção ao sol que se põe no horizonte

Descobrir as estrelas perdidas pelos céus

Entrar no deserto da mais bela fonte

Desaguar no mar , desencadear estrelas nos véus

Dos teus olhos negros, dar-lhes ternura. Nunca finda

E, no teu ouvido segredar: Amo-te tanto amor, tanto e tanto

Gritar aos ventos o nosso amor, como te amei e amo ainda

Ah! Meu amor: Como é tão grande o teu encanto.

Vou partir em direcção ao sol que se põe no horizonte

Falar-te deste encanto teu e meu e, continua enquanto

Sofro a ausência de ti, mudo ficas-te para lá do monte

Quando a paz do teu silêncio te afastou do nosso canto…

Um cântico da terra chegou de novo

Renasce amor na humanidade inteira

Canta para nós a melodia de todo um povo

Que nos aplaudiu, ontem e hoje da mesma maneira.

Há um amor que no tempo nunca se apaga, nunca passa

Que encanto foi o teu?

Bebi do teu orvalho eterno o véu da tua graça

Que encanto foi o meu?

Escrito por: Angelina Alves





domingo, 6 de maio de 2012


(Imagem elaborada e oferecida pela querida Mada)

"Mãe"

Foste  e és a melhor mãe do mundo
Fui amada por ti meu lindo ser
Acolinhada, amada no teu ser mais profundo
Deste-me vida e tanta alegria no meu crescer.
Lembro-me do teu colo e do teu mimar
Do teu aconchego tão cheio do teu calor
Lembro as histórias inventadas por ti a cantar
E da doçura do teu grande amor.
Eternamente grata por teres sido sábia no teu ensinar
Tu que regas-te alegremente as flores do teu sorriso
Quando de tristeza o teu coração sofria de dor
Faltava-te o pão  para pores na mesa tempo sofrido
Mas amor: Ah! Enches-te teus filhos de amor.
Sofreste a distância de um marido ausente, na guerra
Nascia-te um filho em cada Primavera e em cada Verão
Descobris-te que havia vida na pedra
Vida: Ah vida!  A vida que te deu o pão.
Empurravas as tristezas bem no fundo da tua algibeira
Tantas lutas e cansassos para criares os teus filhos queridos
Tantas lágrimas choradas no ombro da tua cabeceira
Mas tu! Mãe grande mulher: Sempre nos mantives-te unidos.
Hoje estás já velhinha e muito cansada
No meu coração és e serás sempre a minha mãe querida
Obrigada por tudo o que  pelos teus filhos fizeste Mãe amada
Amam-te os teus filhos queridos por toda a vida.

 (Dedico a todas as Mães que lutaram e amaram os seus filhos)

Escrito por: Angelina Alves



sábado, 5 de maio de 2012

"Mulher"






Ser mulher é ter uma alma talhada

É ter, nobreza para cumprir o seu destino

É pegar em cada madrugada

Em todos os sorrisos e lágrimas

Transforma-los num doce hino.

Ser mulher, mãe, esposa e amante

Olhar a vida com clareza

Ser navegante e sábia constante

Numa união de amor e beleza.

Ser mulher é ter esperança na vida

É ter desejo a um sonho superior

É ser o sol, a lua e a chuva colorida

Ser guerreira, lutadora e brilhante.

Ser mulher é olhar a vida com clareza

É viver sua glória em liberdade
 
É subir a escalada da vida com firmeza

Ser mulher é amar e amar-se com verdade.

Ser mulher é ter coragem de se assumir

O mau o bom derrotas ou vitórias

É saber por nos olhos lágrimas a sorrir

Quando sua vida é recortada em histórias.

É ler os seus sonhos escondidos

Em páginas amarelecidas de livros esquecidos

Snti-los vibrar com a pontuação

Aquecer cada rima dentro do coração

Sentir seus sonhos vivos dia a dia

Escritos como se fossem poesia.

 
(Angelina Alves)




domingo, 29 de abril de 2012

"Olho o meu tempo"

Imagem elaborada e oferecida por: Ana Paula


Olho e reinvento, calo e vejo
O que já foi noite, o que já foi dia:
Sinto o meu mar interior que se esvazia,
Agarro a vida que me foge; corro e beijo
Beijo a raiz de mim em desassossego
O que eu fui e o que me passou ao lado
De um tempo ferido, mais que de passado
Sou alegria, sou tristeza; olho o tempo.
Olho as luzes em noites de agonias,
Há vidas nas vidas da incerteza
Sonhos perdidos por entre os dedos; mãos vazias.
Olho o veludo das flores e a sua firmeza,
Olho os campos e os matos em cantarias
Sento-me, olho a vida, sento-me à sua mesa.
Olho o lago, sinto o vento que ele encerra
  Olho a beleza da vida  e a sua contradição
Escrevo  a música da água com sofreguidão
Olho e reinvento o começo da Primavera em versos.
 De mim. Olho e reinvento ondas irregulares mas ténues
As que me vestem e acompanham nos meus passos
E me trazem à vida dos sonhos imersos.
E me elevam no tempo de flores a Júpiter e a Vénus.
Atiro para longe o meu saco de agonias
Revejo e adiro ao meu jardim em flor
Ah! lume que me queimas, me ludibrias,
Na chuva do meu tempo; Mulher, vida e amor...

Escrito por: Angelina Alves


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