sábado, 27 de novembro de 2010

"AS MINHAS ORIGENS"


(Ponte Romana de Chaves)
Vai a caminho dos três anos que vim definitivamente viver para a terra que me viu nascer, regressei assim às minhas origens. Quase quarenta anos ausente e, foi notório a grande mudança. Não há grandes transformações arquitétonicas na minha cidade,  mas há melhorias bastante acentuadas no que diz respeito à evolução, tanto a nível paisagistico, como na mentalidade das pessoas, falo a nivél de informação e formação, isto porque quem quisesse e pudesse tirar um curso superior, teria de se deslocar para o Porto, Coimbra, Lisboa, e ainda os mais abastados recorrer ao estrangeiro. As circunstancias da vida, fizeram-me migrar para outro ponto distante, embora, dentro do meu pais, vivi quase quarenta anos longe das minhas origens. Felizmente a perseveração do nosso património, da nossa cultura ainda acontece: senão, como poderíamos nós quando migramos, ou emigramos para longe das nossas origens conhecer a história dos nossos antepassados? Como ter conhecimento da terra onde nascemos? dos usos e costumes da nossa gente e ainda, quando por motivos de migração/emigração, tudo se vai perdendo na nossa memória, uma vez que deixamos de ter contacto com as nossas origens e até mesmo com a nossa família.
As tradições da nossa gente contam a história dos nossos antepassados, devemos assim preservar todo o nosso património, quer lugistico quer linguístico. Esta maravilhosa cidade de Chaves é rodeada  de inúmeros monumentos, o monumento mais conhecido, a tão famosa Ponte Romana, ou A Ponte do Trajano, que une as duas margens do Rio Tâmega. Esta ponte é o ex- libis desta cidade. Esta Ponte é um dos mais notáveis monumentos do nosso pais, herdado na ocupação Romana. O Castelo da Torre, mandado construir pelo Conde Odório no século IX. Hoje somente existe as margens do Castelo, que fica localizado no ponto mais alto da cidade medieval, domina toda a cidade e é de onde se pode apreciar a Veiga, o Rio Tâmega, a Serra de S. Lourenço e do Brunheiro e ainda apreciar a beleza desta maravilhosa cidade Transmontana. Tantos outros monumentos ficam por mencionar mas que fazem parte desta história maravilhosa , que são as minhas origens. Falar também da tão rica gastronomia transmontana, esquecer dela, é um grande pecado. Sempre tive muito cuidado com o meu peso, e era impensável à uns anos atrás deliciar-me com um pedaço de salpicão, presunto, linguiça ou ainda uma boa feijoada à moda transmontana, acompanhada de um bom vinho, néctar puro.  A nossa gastronomia, é semelhante em quase todo o concelho, mais conhecido como a gastronomia da terra fria transmontana. Caracteriza-se pela  elevada qualidade dos produtos que se utiliza , quer pela  relativa simplicidade de elaboração, esta assenta essencialmente nos enchidos, " o fumeiro". Por ultimo as Termas que ficam no coração da Cidade, envoltas de serras e ares puros um verdadeiro espaço de paisagens naturais  e  de lazer. Infelizmente estas termas são mais frequentadas pelos Espanhóis que pelos Portugueses.
Fica muita coisa por dizer desta minha cidade, desta minha gente. As minhas origens.


"ORIGENS"
Nasci numa linda cidade
Do Nordeste Trasmontano
Vivo agora a liberdade
Sabores e saberes o quotidiano
Desta gente maravilhosa
Abundado de bondade
E gosto pela partilha
Escrevo assim a minha prosa
Com alegria e humildade
Homenageando esta gente
A gente da minha cidade.
São as montanhas
Que em criança percorri
Foi das suas entranhas
Que de novo eu renasci
São os vales e seus ventos
São as fontes
 São as nascentes
A fortaleza dos montes
A destreza destas gentes.
Assim eu, me identifico
Alma forte e de guerreira
Já migrei agora fico
Morrerei na minha eira.
Terra das flores migratórias
As minhas origens aqui estão
Raízes das minhas histórias
Amor vida  emoção.
Falo a todos os ventos
As minhas origens sagradas
Minhas histórias nos tempos
A todas as flores amadas
Que migraram para outros pontos
Do pais ou estrangeiro
Não esqueçam das vossas origens
Falem delas ao mundo inteiro.
Sem pudores
Sem constrangimentos
As minhas origens eu prezo
São os meus amores
São meus lamentos
Nas orações que sempre rezo
Está assim a minha história
Resumida em poucas palavras
As origens da minha memória
À minha vida sempre aliadas.

(Angelina Alves)







domingo, 21 de novembro de 2010

Onde é que começa uma história de vida, começa verdadeiramente? Na vida não abundam começos bem definidos. O momento em que se pode dizer que tudo começou quando o recordamos. Contudo há ocasiões em que o destino cruza a nossa vida, desencadeando uma sequência de acontecimentos cujo resultado nunca podíamos ter previsto e então novamente nos perguntamos: como tudo começou?
O sono teimava em não chegar mais depois de me ter arrastado para a cama, dei voltas e mais voltas nos matafeus dos lençóis de cetim que escorregavam deixando o meu corpo desnudado, quente, ora gelado numa noite escaldante de Verão, acabei por desistir de tentar dormir. Sentei-me de frente ao meu pc e descarreguei nele as palavras escritas em letras que me sofucavam a garganta e enchiam os meus olhos de tédio. Tentei alinhar as ideias à cerca do meu próprio encontro com o destino. O silêncio frio da minha casa lembrava-me o quanto duro tinha sido para mim o meu destino, apenas o tic tac das teclas do meu pc, lembrança de mim mesma eu: estava ali...
Pensava, pensava: como devo eu começar a minha história? gostava de saber por onde começar. Olhava para dentro de mim e via como num filme a minha história a rodar e, então comecei a escrever, escrevi até me cansar...
Alguma coisa mudou a minha história de vida. O rio mudou de lugar. As pedras começaram a falar e houve uma magia que me cobriu com um manto, quente e fresco que me fez voltar à vida com o vigor da chama ardente do meu grande amor...

"VIDAS"
 
O tempo tinha transformado
O que tão grande foi
Em quase nada...
Porém esse destino talhado
Uniu as linhas
 O que doía já não dói
Vivo agora a vida que me foi destinada.
O que pulsou e doeu
O que parecia definitivo
O que era eterno imutável
Matamorfoseia-se
Num vago suspiro
Saudade, alívio
Tudo recomeça
Abriu-se de novo a estrada
O leito do rio
Tem de novo vida
A magia do pôr do sol
Ganha de novo força
E o entardecer alegria.
Adormeço no porto da minha paz
Suave inspiração
Que só o amor me trás
Atraco o meu coração
No cais dos mares suaves
Onde acordo e recomeço
Onde adormeço e me esqueço
De todas as marés
Que me invadiram de tempestades.
Suave o meu olhar
Livres as minhas mãos
Doce o meu cantar
Força do amor
O meu caminhar.

(Angelina Alves)