quarta-feira, 30 de junho de 2010

"Na recta final do meu curso"

Estou quase no final do curso. Longos meses aqui passados com muitas alegrias e alguns dissabores. Como em tudo na vida, coisa a que já me habituei ao longo desta minha viagem, as desavenças entre colegas, o ciúme, a inveja e o diz que disse, enfim, algumas coisas menos boas, mas nunca suficientes para abalar na minha força que, sempre tende para o lado positivo da vida. Acima de tudo a minha grande prioridade, concluir este curso. A balança pesa para o lado positivo. O objectivo a que me propus, está quase a ser cumprido e nestes poucos dias que faltam, resumidos a pouco mais de um mes para chegar ao fim eu, contínuo com o mesmo gosto e ânimo, do mesmo modo aquando no começo do curso. A minha mais valia conclui-se depois de colocar na minha bagagem as minhas pedras vivas, recheadas de letras novas, aquelas que sempre me tem dado força e positivismo, quando me encontro menos bem, pois “elas” são o reflexo da minha estrutura familiar, que foi vincada desde muito cedo na pessoa da minha querida avó. Estas pedras vivas ficam agora mais vivas quando estiverem com o acrescento das minhas letras, as que me faltam para premiar-me com o diploma do 12º ano. Noutros tempos como referi atrás, os meus estudos tiveram que ser interrompidos e com muita pena minha, pois ao fazer a minha 4ª classe com dez anos e mais o exame de admissão tudo estava previsto para continuar a estudar mas, a fatalidade do destino pregou-me uma partida. Sou uma entre muitas pessoas que certamente estão gratas por estas novas oportunidades, pois foi através do processo de reconhecimento e validação de competências (RVCC) que conclui o 6º e 9º anos e, agora preparo-me para concluir o 12º e formação profissional de Técnica de Acção Educativa.


Da matéria dada ao longo deste ano neste curso de formação profissional, é-me difícil dizer do que mais gostei, uma vez que, em toda a matéria eu me revi como aprendiz.

A minha avó sempre dizia que o saber não ocupa lugar mas, no entanto, eu tenho sido bastante criticada pela minha família que aqui vive, pelo facto de não entenderem o porquê desta minha atitude de querer estudar nesta altura da minha vida, isto porque no conceito “deles” eu já dei o que tinha a dar. Perguntam “eles”, para quê com esta idade estar a dar cabo da cabeça? Só quem quer aprender é que sabe o que lhe vai na alma e, nunca é tarde para darmos vida aos nossos sonhos. Valorizar-me sempre foi o meu intuito, sempre esteve presente nas minhas expectativas, por isso aproveitei sempre o que esteve ao meu alcance para por em pratica esta minha vontade. Faz uma grande diferença quando é preciso preencher um documento e é-me pedido as habilitações literárias. E, como eu me sinto mais há vontade quando estou com os meus filhos e no seu grupo se fala sobre um qualquer tema da actualidade! E até mesmo com outras pessoas que, quer em reuniões, quer em convívios quando se fala sobre qualquer tema, ouço e intervenho sentindo-me mais segura sobre as palavras a aplicar.

Foi para mim muito benéfico já ter alguns conhecimentos da Internet e apreciar todos estes movimentos e ligações que se fazem através deste pequeno ecrã. Ajudou e facilitou-me nos meus trabalhos de pesquisa, melhorando assim o trabalho que me foi pedido em muitos dos módulos a que tinha de dar resposta concreta e precisa. Também através das pesquisas na Internet tive conhecimentos que me interessaram, de tal modo, que os aprofundei, tal foi o fascínio que provocaram em mim, como foi a pesquisa da importância das Células estaminais, o que podem estas fazer num futuro próximo e o que já estão fazendo, a maravilhosa teoria do Big Bang, a clonagem humana, a pesquisa profunda que fiz sobre esta minha terra onde nasci e que, pouco conhecia dela, sobre os usos e costumes desta maravilhosa gente e tantas outras pesquisas feitas que também estas, contribuíram para que as minhas pedrinhas ficassem mais vivas.

Apesar de estar com 56 anos e ter consciência que em termos profissionais já não há grandes hipóteses para eu poder mostrar o meu valor e conhecimentos que neste curso aprendi, fica-me a consolação de me ter valorizado e ter adquirido conhecimentos que fazem subir a minha auto-estima e rever-me na palavra que faz muito sentido; nunca é tarde para se aprender. Durante muitos anos para mim era utopia o facto de pensar que um dia poderia chegar a fazer o 12º ano. O meu sonho está perto de ser realizado.

Já referi o quanto eu gosto de escrever, sempre gostei de brincar com as letras e fazê-las rimar, ora com tristeza, ora com alegria, dando-lhes vida. Foi assim que fui aprendendo a construir o meu vocabulário. A leitura também sempre esteve muito presente na minha vida, como também já referi, sempre com o intuito de me cultivar. Conclui parte dos meus sonhos. Estou agora concluindo mais um. Se não fosse a minha grande força de vontade em me instruir e querer aprender mais e, também a grande força que meus filhos sempre me deram, continuaria somente com o pouco que tinha, que era apenas a 4 ª classe. Experiência da vida, eu já tenho bastante, mas faltava-me este conhecimento para enriquecer a minha bagagem.

Uma das coisas que me deu um prazer passar este tempo a vir todos os dias para a formação, foi o de sentir-me como as jovens a caminho da escola, os risos, as conversas com as colegas, as idas ao café e até mesmo o comer na cantina. Assim como todas as formadoras foram muito acessíveis, compreensíveis e profissionais. Este tempo foi para mim muito gratificante. Como podem estas pequenas coisas fazer tanto sentido numa altura destas da minha vida? Tiveram sim e de tal modo que eu, faço gosto em deixar aqui o seu registo.

“ A todos os formadores os meus agradecimentos por terem contribuído para o enriquecimento do meu saber”.





“PEDRAS VIVAS”

Olho o sol da terra onde nasci

E vejo pássaros no azul do céu

Contemplo tudo o que um dia já vi

Olho as pedras vivas o meu troféu.

Foi o agarrar um tempo parado involuntário

São as letras enriquecidas do meu vocabulário

São as palavras construídas com outro saber

Minhas pedras vivas que eu não deixo morrer.

Fixo os olhos na tela de fundo o meu destino

Olho a minha longa viagem fico a pensar

Pudesse ser menina no meu mundo pequenino

E juntar lá o meu saber e de outro modo aqui chegar.

Não estaria a minha história aos ventos espalhada

Seria tão suave a minha vida deixava-me ir

Segura no meu saber na minha tela bordada

Mantinha acesa a chama da vida no meu existir.

Não deixaria assim o meu destino neste mundo

Não haveria barreiras a interferir no meu ser

As minhas pedras seriam tão vivas que cá no fundo

Do meu coração só a magia do amor

Poderia acompanhar-me em todo o meu viver.

Mas não foi este o destino que eu cumpri

Vivo agora com outra riqueza no meu templo

Não estou cansada do que vivi. Ainda espero ser

Útil com tudo o que aqui aprendi e dar o exemplo

De que nunca é tarde, nunca é tarde para aprender.

(Angelina Alves)

"O olhar sobre a minha dourada infância"



Olho tempo lembro Onde UM
A Minha infância dourada
Como eu confiava em Tudo
Ou Quase Tudo confiaca UE
Onde OS revigoravam sonhos
Em CADA madrugada
Não havia tristeza Mas
Sim alegria não meu mundo
Oh! lindo o tempo
Da Minha infância dourada
Onde era Tudo
Tão Diferente dos dias de Hoje
Oh! Minha doce Primavera
Os Dias Passados ERAM
Com Muita Esperança
Minha doce infância dourada !
QUANDO Já escrevia
versos nd palma da Minha Mão
QUANDO Não tinha
A cereteza dos Passos Que dava
Mas Tudo PORQUE arriscava
A Minha infância dourada
Foi Tão rica de vivências
Toda ELA Foi Paixão
Hoje o tempo foge ...
Algum tempo Já Passou e
Distância ESSA Minha infância
E Nesta escalada da Vida
Uma Coisa Tenho uma Certeza
Guardo Lembrança Tão boa
Da Minha infância dourada
Que em Mim
ESTA boa recordação permaneça
Forteça O Meu Coração Já cansado .

(Angelina Alves)









segunda-feira, 28 de junho de 2010

"Cor Purpura"

Olhei o vale ao fundo
Matizado de uma cor purpura
A cor da sabedoria do mundo
A fome da alma encanta-me
Pela noite equilibrada
Imponderável
Há uma nuvem que se perde
Por detrás de um arbusto
Onde o cheiro acre e puro
Nasceram rosas respirando
Contra o vento árido
A melodia canta
A rosa e o alecrim
Juntam seu aroma único
Dançando a valsa das sereias encantadas
Eu descerro as minhas mãos
E no equilíbrio da minha alma
Moldo nas nuvens pensamentos lindos
E com grande emoção
Descubro-te no vale
Matizado de cor purpura
Caminho por esses vales intocáveis
Onde só chega uma alma pura...
Beijo contigo a vida
E, em cada espasmo
Sigo ao teu abrigo
Abrigo amargo
Morrerei contigo...

(Angelina Alves)

"Quando minha alma..."

(Imagem oferecida pela querida Mada)

Tanto tempo e de ti apenas sei
A letra do teu nome
Que começa por a de amor...
Olhei o teu divagar profuso
E na voz do hino
Cantado por ti a favor
Descobri-te e sem saber conclui
Que nas minhas résteas de vaidade
Tanto me ficou por saber...
Vi em ti
O que em ninguém mais vi
E, na minha alma
Na unidade de mim
Vi tanta tristeza no teu olhar
Foi isso que me fez ficar
Na esperança que tu
Te conseguisses identificar...
Já terminei o meu livro
Onde muito falo de ti
Onde o sol e a lua se encontram
Como a rosa e o alecrim...
A saga morre comigo
Aquela que narra a nossa história
Aquela que me ligou a ti
E te deixou na minha memória
Só a metáfora nas palavras mudas
Foram atiradas ao vento
Um dia alguém me lê
Alguém ficará atento
Será lido tudo o que eu escrevi.
Em lágrimas me lavo
Por me ter lançado nesta rasteira
Bebo das minhas chagas
Quando tenho sede e quero beber
Como do meu sofrimento
Quando quero pão e não tenho o que  comer
Lembro-me da tua razão
Para não deixar-me morrer.
E continuo condenada
Condenada a viver
Quando minha alma...

(Angelina Alves)




"METÁFORA"



O inverno floresceu-me



A tristeza de ti



E deixou no meu olhar



O voo da águia voando



Deixando-se a planar



Eu tudo ouvi e vi



Até o discurso do sábio



Aquele que depois o perdi



Aquele que me disse



Que a mentira estava ao lado



Mesmo ao lado de mim



Foste a ausência



Foste o excesso



Foste o direito



Foste o avesso



O tempo juntou



O Inverno e o Verão



Suavizou o meu coração



E do mesmo jeito



Aprendi que a solidão



É diluída no tempo



Onde se perdeu o medo



Onde viver tem razão





Agarrei a audácia da águia



Bebi da fonte a pura água



Fui sarando.



Procurei nos limites do mar



Senti-me poeta através da unidade



Da força da minha alma



Ganhei forças e a contemplar



Juntaram-se as letras do meu nome



Que haviam naufragado



A rosa e o alecrim numa só alma belo



Ficou leve o meu fardo



Reergui o meu Castelo…



(Angelina Alves)
De ti
As minhas mãos cheias de nada
De ti
Os meus versos que ainda escrevo
De ti Oh de ti
Tudo e nada
Nada e tudo em ti vejo...
De ti
A espiga
Amadurada em sóis dolorosíssimos
E muito densos
Desprendi-me da viga
De tudo e de nada
(De nadas tão imensos)

Angelina Alves)

" Noite cortada em lâminas de vento"




Olhei a lua que iluminava a noite
Dos vales da montanha
Testemunho de uma noite perdida
De desalento e dor...
Falei contigo peguei na tua mão
Na minha vontade tamanha
E loucamente iludida
Dei a ti o meu amor
Dei a ti o meu coração...
A tua indiferença
A tudo silencia
O que dei doado
De ti pouca  ou nada estima via
Vestida despida e nua
Vi o meu dia
Vi a minha noite cortada
Em lâminas de vento
Por ti assistia...
Olhei o povoado
Que nem por ti fora amado
E ali mesmo tudo se perdia.
A porta ficou aberta
Para ti
A porta infinita do meu planeta
Da tua mão
Nunca recebi nem pão
Mas sempre desperta
Deixas-te de estar
Na linha da minha vida
Razão vida recta...

(Angelina Alves)


sábado, 5 de junho de 2010

"VIAGEM"



"VIAGEM"

Abrem-se no ar novos espaços
Numa palavra branca
Ao dia abro meus braços
Numa ternura longa e branda
Preencha meu dia
Num desejo de paz
Brindo a timinha poesia
No segredo das pedras
E das flores nela adormecida
Com tristeza
Parto mas engrandecida
Saio seguindo meus passos
Vou ver o Rio Tejo
Onde resplendem navios
Vou ver a minha antiga cidade
Onde estão meus filhos
Vou ver as avenidas e as ruas
Onde ficaram caladas
Melodias com letras nuas
Vou ver o castelo com suas fadas
E sem desvios eu vou
Para as ilhas encantadas
De novo o mar
E suas belas praias
Vou ver as montanhas
Cortadas pelo vento
Enfeitadas com fios de prata
De uma pura liberdade e encanto
E se ligam aos céus em hinos de graça
Os vales verdes de tons terra natural
As furnas quentes e ofuscas
Num fim de tarde sem igual
É nesta hora que eu olho dentro de mim
A esta hora do lusco-fusco
A hora que fica em mim um som suave brando
Brando tempo depois de um tempo brusco
Vou ver as cores inconfundíveis das açucenas
Sentir os mais belos aromas das flores
Vou deitar-me à beira do mar
De ondas leves e serenas
E na praia dos grandes amores
A chamada praia da sorte
Uma promessa eu vou fazer
Seja a sul seja a norte
Eu para ti vou viver
Voltarei para contigo festejar
O mistério da vida
Numa onda musical.

(Angelina Alves)