quarta-feira, 28 de setembro de 2011

"Sinto o silêncio"



(Esta imagem foi-me oferecida pela Anna amiga m/especial)

Sinto o silêncio

No meu espaço

Transparente

Onde vivo onde escrevo

Onde me sinto gente

Dou um passo outro passo

E de repente

A nuvem ficou branca

Intransponível

A claridade está em mim

Sempre visível.

Toco o vento com

Meu olhar que se perde

No horizonte intacto:

Sinto o silêncio

No meu espaço

Transparente

Aqui permanece

Ainda que hesite ou falhe

Ou recomece...

E longamente se abre

Na minha noite

E no meu dia

Nada de mim se perde

Nada de mim se desvia.

(Angelina Alves)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

“Entre as nuvens”



Beijei os degraus do teu espaço

O meu desejo traz o perfume da tua noite

Murmurando nos meus cabelos

A doçura dos teus beijos quentes

Desfiz-me contigo no arco

Do pleno Verão sonhos ardentes

Pensamentos de brisa

Sorrisos no deserto

Do amor tão belo como a vida.

Beijei os degraus do teu espaço

Descobri as tuas mãos

Corre em mim o lacre e a cânfora

Ergue-se a tua boca

Ao círculo do meu pensamento

Onde estará o mar? Fico louca

Embriagada voo sobre o teu sorriso imenso

Em meu espasmo viverei contigo.

Peço agora ao vento:

Traz do espaço a luz inocente das urzes

Transporta no teu silêncio

A lua vermelha

E, faz-me sentir o odor da flor da giesta

Assim os meus olhos irão vê-la

A lua vermelha aquela lua

Minha e tua

Noite mais pura mais bela.

(Angelina Alves)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

"Ave sofrida"


Vives lentamente as flores do riso
Mergulhado nos teus lençóis de dor
Vives um sonho de um paraiso
E  na ilusão de ti aclamas amor
De neve em neve de lume a lume
Atiras palavras  como que guardadas
Numa inconsciente e velha algibeira
Flores de riso malfadadas
Feres  gente que de ti se abeira 
E de mãos vazias tento agarrar a tua dor
Ponho no meu olhar 
Um falso bem estar
Mas de peso lúbrico e triste
Perco as forças para te ajudar
Vivo assim a tua dor
Que tambem em mim existe.
Tens a vida da ave  que atravessou
O instinto da noite em grito marítimo
Invadida pelas ondas de madrugada
Beijas  os ombros da vida muda
Tanta e tantas vezes adiada
 Palavras hostis sem substância
Ao lado de uma alegria enganada
Sofres  a tua  dor já tão sofrida
Já tão prolongada..
Ao longe a imagem inacessível
E casta de um certo pensamento
Ora de alegria ora de dor
Vive assim uma ave
Sobre lençóis mordidos
Por flores de água de amor
Sobre socalcos  aclama
A cor da resina e o cheiro da terra
Deita seu corpo no dorso de seus dedos
 Esvoaça de dor pelos ventos que leva
Seus sonhos sofre  a ave na dor silenciosa
E quase só enfrenta todos os medos
Os bordões da melodia de todos os rios
De todos os sonhos inacabados
Que se aclama e reclama
Mas moverás ainda as águas que terás
A alegria consciente da consciência
E vais trazer o florir ao espírito em todos os lados
Cantarei exaltante o hino da paz.


"Dedico estas palavras a todas as pessoas que sofrem a dor de alguém que amam"

(Angelina Alves) 


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"Para ti"


Para ti eu quero falar tanta coisa
Mas primeiramente desfraldar
O meu hino de amor a toda a gente
Falo de amor de muito amor
Reparto-o por todas as estrelas
Por toda a imensidão do mar
Por ele todo o bosque floresce
Ao soletrar a palavra a-mor...
Soletro a palavra a-mor
Para que todo mundo
Sinta o poder que vem de dentro
Que por toda a terra se abram as janelas
De todos os corações
E, em cada segundo
Se sinta que todos os fonemas
São mágicos sinais que se abrem
Em constelações de estrelas
Girassóis que giram em círculos de amor profundo...
Para ti uno todos os pedaços
Das palavras quebradas
Que uniram a argila ao orvalho
Desfeitos se deram os laços
Que uniram a própria
Vida partida e repartida
Em cada minuto em cada hora...
Para ti reinventei a canção de amor que vi crescer
No meio dia daquele inverno aquando da tua ida
Naquela hora do lusco-fusco
Para ti todo o meu amor 
O amor que por ti me faz viver...

(Angelina Alves)


terça-feira, 20 de setembro de 2011

"Onde há luz há vida"

(Esta imagem foi retirada da net)
 
Os dias de verão terminam como um reino

Não te apresses para os desenhos da luz

O sol ainda demora não chegou

A esta doçura matinal que meu cheiro respira

Indecisa colho a haste débil que parou

No vento suave da colorida resina...

Quero moldar o meu espaço:

Da cor do sol a clara espiga do dia

Um raio de sol chega

E, aquece o meu corpo numa linha viva.

Há palavras no branco alento de ti, puro

Os desenhos da luz mostram-me a tua cor

Nas persianas ondulantes em listas de luz

Cantam em melodia todos os pássaros

Entoando harmonia neste silêncio cálido

A folha alta cresceu fez nascer o dia

Em silêncio de bloco transparente

E, tudo revive no que eu escrevo

Mesmo na margem branca intransponível

Mesmo no monte árido

Onde não há sol nem alegria

Há um sol quente

Completamente invisível

Hesito, falho e sempre recomeço

Vem a noite e vem o dia

E, todo o sol em luz dá vida

Há sempre vida neste Universo.

(Angelina Alves)


sábado, 17 de setembro de 2011

"DEDICADO A MEU PAI"



Falo de ti e de mim


Sempre com o teu sorriso

Num coração em melodia:

Sempre tão suavemente

Velas-te por mim

Subtil e tão cordial

Pegavas-me ao colo

Quando eu era menina

Prendavas-me com tanto carinho

Que só um pai sabe dar

Fingia estar a dormir

Quando entravas no meu quarto

Cobrias o meu corpo em lençóis de embalar

E dizias-me assim!

És a princesa mais linda

No meu castelo a habitar

Teus olhos são duas estrelas

Que nasceram para me guiar...

Eu, abria de canto os olhitos

Tu falavas para mim

Sempre com o teu sorriso

Coração em melodia

Então adormecia assim

Com as tuas palavras dentro de mim

E, a sonhar subia ao céu

E tu lá estavas por mim a esperar...

Por ti choro o enigma de todos os astros

Por ti canto a beleza de todas as melodias

Por ti abraço a força de todos os sorrisos

Por ti abraço todos os abraços

Revivo por ti todas as minhas alegrias

Por ti florescem flores em campos de guizos...



"Dedicado a meu pai"


(Angelina Alves)