sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Há vida nas veias do meu castelo Há vida, na vida da minha história





Há vida no feio, há vida no belo

Há vida no templo da minha memória
Contorno o ciclo da minha vida
Bebo-a a tragos saboreando-a
Cada momento, cada gota de alegria
Vive esta alma na vida. Cantando-a
Há vida nas veias do meu castelo
E até na noite do silêncio frio
Há vida na pedra e no ferro
Nas sombras e na luz do rio.
Há vida em torno de mim
Na luz que antecede a noite
No orvalho que antecede o dia
Há vida nas águas da fonte
Águas que de ti eu bebia
Há vida no meu cansaço adiado
Onde as veias de mim aclamam
Por um tudo que parece parado
Olhos da vida que por mim chamam
Há vida no medo e no silêncio
E nas pedras que se calaram
Há vida no que eu penso e no que não penso
Ah! A cor das palavras que se cruzaram
Nas cores da vida onde a vida não morreu
E, por toda a terra e por todo o céu
Se erga as coisas da vida nomeadas
Haja vida nas palavras caladas
Olho a lua que soluça no mar
Olho o tempo em meu pleno tempo
E pelos rostos do sol e do vento
Aclamo as veias de mim, em hino a cantar
Aclamo ao sol à lua, ao mar à vida
Mantive-me de pé quando o meu castelo caia

(Escrito por: Angelina Alves)




terça-feira, 24 de setembro de 2013




Quando penso que há mais de cinquenta anos, olho o céu, o mar e a terra e, há uns tantos que escrevo sobre a vida à minha volta e tudo o que ela encerra, questiono-me tantas vezes que fazer com os espaços que ficaram vazios, os amigos que se foram sem deixar rasto e os que morreram, que embora nunca esquecidos os seus espaços estão vazios. E, os poetas que eu tanto amei e neles me debruçam alinhando as minhas letras em jeito de poesia. Folhear um livro de moradas, a velha lista de telefones já desatualizada e até mesmo quem mal conheci, mas às vezes com eles me cruzava. Questiono-me a mim mesma se outros mais felizes que eu, terão assim vazio os seus espaços e sentem vazia a sua vida, assim como eu!
Creio que não. A deles se reduz, encolhe de miséria consentida, e torna-se uma sala de visitas onde recebem dia e noite os seus amigos novos. Mas quem de liberdade e lealdade, como o amor humano se viveu, fica num espaço cada vez mais vasto, onde os vivos que traíram e os mortos que morreram tremem de ser lembrados com saudade ardente. E o espaço fica – ah se fica – e ninguém ousa mais que espreitar a medo para dentro dele pelas grades de um verso em que palpita a vida, tão pura e tão ausente como quando um dia, primeiro ela vibrou um cheiro a maresia, ascendendo das águas, luminosas, num corpo ainda escamoso cuja pele seria este sabor de espaço de ternura em solidão perfeita descobrindo o amor. 



No ar quase em memória
Finda, o dia na minha alma
Infantil a minha história
Canta, reza pergunta e fala
Há uma lágrima presa na minha voz
E aos meus dias como a ilusão
Canto o orvalho, a musica a sós
Vazio o espaço triste solidão
Porque escrevo ainda?
Porque uso as palavras cantando?
Porque nada em mim finda
Enquanto houver pássaros voando
Até quando terei eu o uso das palavras
O uso das frases inacabadas que dançam
E, a voz enrouquecida no peito das lavas
Ondulantes que me tolhem que me encantam
Há um espaço, um cheiro sem tempo
Há palavras cantadas por todo o universo
Que nunca morrem, nem as leva o vento
Há espaços, dores e solidão em verso
E, há sons que são de encantamento
De magia, de alegria ou de suplício
Haverá uma música em todo o tempo
Cantável é a música do amor por quem suspiro.


Escrito por:  Angelina Alves



domingo, 22 de setembro de 2013



"Um olhar sobre a ilha de S. Miguel Açores"
(Editado a 23 de Setembro de 1996)

Adeus ilha Açoriana vim despedir-me de ti
Dizer-te que te amo muito e que aqui foi tão feliz
Que encanto é o teu que aqui me prendeu assim
Voltarei prometo: assim meu coração o diz
Olho-te bem longamente, bem lá para o fundo
Até onde os meus olhos te possam alcançar
És a ilha por mim eleita a mais bela do mundo
Encantos nos teus vales e no teu leito de mar.
Há um colorido nesta ilha e neste povo
Há doçura de humanidade hospitaleira
Prometo: Voltarei cá de novo
Que encanto olhar-te, sentindo-me à tua beira.
Como te amo ilha dos meus encantos amo-te tanto
Encantei-me por ti e este amor por ti não finda
O teu encanto encheu-me de encanto
Um olhar sobre ti, bravo, terno: Paradigma.
Deposito em ti todas as forças da minha esperança
Sobre qualquer vértice das horas de todo o tempo
Habitarei em ti nas ondas sobre os teus sorrisos
Elevarei para ti a minha alegria a mando dos ventos
Elejo-te a mais bela ilha que faz cantar os sinos.


Escrito por: Angelina Alves

segunda-feira, 2 de setembro de 2013



Por entre a minha janela

Olho as montanhas que avisto lá ao fundo

As nuvens esvanecidas deixam antever

Um sol que se vai mostrando mansamente:

Olho a montanha ainda vestida de branco, bela

O branco, a luz do sol trazem-te ao meu mundo

... Por breves momentos deixas-te ver

O teu sorriso espalha-se pela atmosfera alegremente.

E, mais uma vez a abóboda da tarde acaba

O sol finda sobre a minha janela

Vejo-o partir sempre à mesma hora

E, também o vejo chegar:

O silêncio da terra me embala e cala

A lua já me sessega

O mar que em minha mente sempre mora

Deixa-me leve, a sonhar.

Abro as portas da minha alma

Deixo toda a tristeza sair

Ergo todas as minhas esperanças

Ao sol que há pouco me iluminava:

Deixo-me ir

Pensamentos de ti, lembranças

A força do teu sorriso que eu, tanto amava.

A bruma de ontem voou

O sol cortado a diamante

Lavrou a terra, aprofundou o dia

O mar mostrou-se confiante

A flor na terra floria

A melodia nasceu, para ti a minha alma cantou.

Escrito por: Angelina Alves