domingo, 29 de abril de 2012

"Olho o meu tempo"

Imagem elaborada e oferecida por: Ana Paula


Olho e reinvento, calo e vejo
O que já foi noite, o que já foi dia:
Sinto o meu mar interior que se esvazia,
Agarro a vida que me foge; corro e beijo
Beijo a raiz de mim em desassossego
O que eu fui e o que me passou ao lado
De um tempo ferido, mais que de passado
Sou alegria, sou tristeza; olho o tempo.
Olho as luzes em noites de agonias,
Há vidas nas vidas da incerteza
Sonhos perdidos por entre os dedos; mãos vazias.
Olho o veludo das flores e a sua firmeza,
Olho os campos e os matos em cantarias
Sento-me, olho a vida, sento-me à sua mesa.
Olho o lago, sinto o vento que ele encerra
  Olho a beleza da vida  e a sua contradição
Escrevo  a música da água com sofreguidão
Olho e reinvento o começo da Primavera em versos.
 De mim. Olho e reinvento ondas irregulares mas ténues
As que me vestem e acompanham nos meus passos
E me trazem à vida dos sonhos imersos.
E me elevam no tempo de flores a Júpiter e a Vénus.
Atiro para longe o meu saco de agonias
Revejo e adiro ao meu jardim em flor
Ah! lume que me queimas, me ludibrias,
Na chuva do meu tempo; Mulher, vida e amor...

Escrito por: Angelina Alves


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sábado, 21 de abril de 2012



(Esta imagem foi retirada do Google)


Quero unir todos os pedaços
Das nossas vidas
De cada palavra tua dita em verso
Guiar-me sguindo os passos
Que contigo foram dados com alegria
Tu! foste o meu tudo o meu direito o avesso...
Quero sentir o ar vindo do oceano
Banhar-me nas brumas quentes das areias do mar
Quero ser uma pomba  branca que voa solta
Voar pelos céus  percorrer o seu encanto
Oh! meu amor...Até poder-te encontrar
Beber o teu sorriso e trazeres-me de volta...
Acordar só quando estivessemos juntos de novo
Como quando a vida nos uniu
Naquela primavera tão cheia de encanto
Subimos a todos os cumes,  brindamos com o povo
Aquele que as portas abriu
Aquele que enterrou o nosso pranto
Quando de nós no cais se despediu...
Quero unir pedaços de palavras
Aquelas que uniram a argila e o orvalho, alegria amor
Aquelas que uniram a nossa vida
Que partida e repartida de vivências inacabadas
 De sonhos interrompidos, partidas e tanta dor 
Lembrar-te! Ah  o teu sorriso me extasia....
Deixo-me embalar nesta melodia de sonho
E, sem me desligar do mundo real que me atropela
E do cansaço da vida que tanto me dói
Eu uno todas as palavras e depois as solto ao vento
À terra, ao mar,  e ao sol que por mim vela
Viverá para sempre o nosso amor nada o destroi
A nossa história viverá em todo o tempo...

Escrito por: Angelina Alves




quinta-feira, 19 de abril de 2012

"Dor"



Dor! Quem te quer habitar?
Quem quer fazer parte das tuas colinas?
--Segmento a segmento--
Há uma dor que teima em ficar
Porque não ficam as dores perdidas
Lá atrás do tempo e não voltarem ao tempo...
E, provo da dor em hectares de saliva
Rasgo o vento de pedra rude e pesada 
Atalho caminhos na lentidão
Batalho a dor em ti talhada
Quando os teus olhos tristes
Choram no meu coração...
Dor! Eu quero-te confinar ao vento
Numa noite que seja fria
Sem usar nenhuma palavra - Que voem para longe
As tuas metastases, em vez de dor eu via 
As árvores onde há sol e os pássaros
Cantam a dança da chuva por todo o tempo 
E a matéria que a molda, seja áspera
E, suficientemente madura
Que a ti dor! te derrota
Sejas tu dor! um pássaro sem retorno
Que te doam as asas
E em ti as folhas tombam...
Dor! Quem te quer ter por perto?
Quem quer viver no teu deserto
Tu dor! envenenas um corpo são
Dás sofrer a uma alma mas, não matas a minha união.
Quero dançar a chuva de mim e de ti
Sorrir ao sol que um dia te viu nascer
E tu dor! que agora habitas em mim
Hás-de tu um dia!... desvanecer.

Escrito por: Angelina Alves







"Amanhã! Será um novo dia"




O sol fechara a tarde

Sobre a minha ventura

Partiu sem marcar hora

Perdeu o dia todo o encanto

Quando a ternura do teu olhar

Apagou o som a palavra definitiva

... Eu quis gritar

Quis erguer as caídas esperanças

Passei as minhas mãos

Pela tua face beijei-te em lembranças

Apenas me consegui recolher

Em meus pensamentos

Sentindo um vago rumor

O rumor dos guizos á beira mar

Silênciei os meus momentos

As palavras bateram descontroladas

O sol ainda me iluminava

Enquanto com os meus olhos o recolhia...

Caiu um fumo sobre um buraco de luz

Mais volúvel que um bando de pássaros

Sinti-me morrer em todos os gestos

Sinti-me fraquejar nos meus passos

Na tela ao fundo a minha história

Minha face é um jardim de estátua

Fiz o caminho ao avesso

Mas com toda a solenidade

Farei o caminho de regresso

Enquanto o espelho se vira

Recomponho a dura verdade

E, tudo começa pelo começo...

Assim passa a noite e o dia

Apenas toca um sino a perturbar

As linhas de um rosto que recompus

Abri a janela deixei entrar

O som da atmosfera vinda de fora

Arrumei a paisagem quotidiana

Marquei-me na minha profunda paixão

E, ao olhar ao fundo as colinas

Marquei-me na minha inspiração

E, sem medo ergui-me

Deixei entrar ar pelas minhas narinas

Levantei-me do chão...

Amanhã!

Amanhã será um novo dia

Tu! viverás para sempre no meu coreação.

Escrito por: Angelina Alves


 



domingo, 15 de abril de 2012


Há uma luz que se esvazia nos olhos tristes, como um vulto num espaço opaco, todavia fica a memória que em vão procura abrir-se a imagens de lembranças: rostos, sitios, mares e terras e até corpos delicados num curvar de ombros ou perfis.... Sempre se recorda, ou se sonha do que mesmo sendo já antigo no tempo, foi e é ardente em nosso corpo. Vemo-nos em outros rostos, em outros gestos e embora o passado não nos alimente; alimenta o vivo quadro, acendido em sonhos e lembranças. Mas o passado sempre se renova em cores e em formas ainda que sejam repetidas. E quando esse halo opaco se esvazia a pouco e pouco nos rodeia a vida, nem sequer o lembrar nos resta, porque os sonhos não se entregam: Crespuscular a luz obscurece tudo.



Que interessa ter as mãos cheias de ouro

Quando a joia mais bela se rebentou?

E, no castelo se guarda um tesouro

Que o seu praso em valor já terminou!...

E quantas lembranças e quantas imagens

Se perderam na longa viagem do tempo?

Oceanos, mares, vales, gente; miragens

Crespuscular a luz que apazigua o vento

Trava tempestades e põe os olhos tristes

A joia mais bela da vida, a própria vida

Ardente é o corpo em que tu existes

Rostos, nos corpos delicados da alegria

Que seja florida a compreensão

Renovadas as cores e as formas repetidas

Dá à vida o teu sonho a tua mão

O crespuscular da luz em nossas vidas…

Escrito por: Angelina Alves
 

sábado, 14 de abril de 2012

Quando penso que há mais de cinquenta anos, olho o céu, o mar e a terra e, há uns tantos que escrevo sobre a vida à minha volta e tudo o que ela encerra, questiono-me tantas vezes que fazer com os espaços que ficaram vazios, os amigos que se foram sem deixar rasto e os que morreram, que embora nunca esquecidos os seus espaços estão vazios. E, os poetas que eu tanto amei e neles me debrucei alinhando as minhas letras em geito de poesia. Folhear um livro de moradas, a velha lista de telefones já desatualisada, e até mesmo quem mal conheci, mas ás vezes com eles me cruzava. Questioino-me a mim mesma se outros mais felizes que eu, terão assim vazio os seus espaços e sentem vazia a sua vida, assim como eu!?...

Creio que não. A deles se reduz, encolhe de miséria consentida, e torna-se uma sala de visitas onde recebem dia e noite os seus amigos novos. Mas quem de liberdade e lealdade, como o amor humano se viveu, fica num espaço cada vez mais vasto, onde os vivos que trairam e os mortos que morreram tremem de ser lembrados com saudade ardente. E o espaço fica – ah se fica – e ninguém ousa mais que espreitar a medo para dentro dele pelas grades de um verso em que palpita a vida, tão pura e tão ausente como quando um dia, primeiro ela vibrou um cheiro a maresia, ascendendo das águas, luminosas, num corpo ainda escamoso cuja pele seria este sabor de esapaço de ternura
em solidão perfeita descobrindo o amor.



No ar quase em memória

Finda o dia na minha alma

Infantil a minha história

Canta, reza pergunta e fala

Há uma lágrima presa na minha voz

E aos meus dias como a ilusão

Canto o orvalho a musica a sós

Vazio o espaço triste solidão

Porque escrevo ainda?

Porque uso as palavras cantando?

Porque nada em mim finda

Enquanto ouver pássaros voando

Até quando terei eu o uso das palavras

O uso das frases inacabadas que dançam

E, a voz enrrouquecida no peito das lavas

ondulantes que me tolhem que me encantam

Há um espaço, um cheiro sem tempo

Há palavras cantadas por todo o úniverso

Que nunca morrem, nem as leva o vento

Há espaços, dores e solidão em verso

E, há sons que são de encantamento

De magia, de alegria ou de suplício

Haverá uma música em todo o tempo

Cantável é a musica do amor por quem suspiro…

 
Escrito por: Angelina Alves
 
 
 
 
 

domingo, 1 de abril de 2012

À beira mar

Uma névoa branca

Hasteava o dia

Num terno esboço de pureza

Embalava a nossa poesia

Ficar e sonhar

Com o segredo das pedras e dos passos

Nelas adormecidos

Abriam-se nos céus novos espaços

Angelicamente prometidos

Ao voo dos pássaros

Á beira mar

Olhava o esplendor entre os navios

Na hora do lusco fusco matinal

Avistava navios barcos casarios

Numa solene onda musical

Ainda o archeiro

Olhava a desorientada flecha

Que redonda caia na sua angustia

Tudo andava eu quieta

À beira mar

A tarde de rosto escondido levada

Num final de esplendor

Fundo de tela pintada

Ah! tanta vida tanta cor...

Vi ainda o vento em movimento

E tantos olhos que neles fitam

Vi o fogo de artificio

Vi a pena e vi a dor

Vi homens e mulheres que na terra habitam

Vi amor e vi tanto sacrificio

Vi gente e vi ninguém

Vi o sol e as estrelas

Vi a costa num vai vem

Vi as grandes ondas belas

E tudo se repetia

A dor agarrada à tristeza

O pobre e a burguesia

Se juntavam na mesma mesa

Numa farça representada

E tudo se movia

Naquela terra parada

À beira mar...

Escrito por: Angelina Alves