sábado, 26 de maio de 2012

"Doce quimera"


(Imagem elaborada por: Ana Paula)

Hoje não quero coisas de tristeza
Não quero olhos a chorar
Nem de dor, tão pouco de fraqueza
Quero sorrisos, quero sinos a tocar
Hoje não quero suspiros mudos
Não quero ver, o que não quero ver
Nem que seja por poucos segundos
Quero viver renascer no meu ser
Hoje apenas a minha paz
Aquela que trás o verde da primavera
A que me traz a melodia dos pássaros
E me  transporta a uma doce quimera
Na descoberta da luz dos astros
Hoje apenas quero viver o meu equilíbrio
Sentir as ondas dos mares refrescantes
Olhar as cores vibrantes do arco-íris no rio
Quero ver gente: barcos, navios e navegantes
Quero olhar o céu azul no horizonte
E, ver o sol a brilhar logo no começo do dia
Ver o céu azul e no cume do monte
Sentir vibrar a minha alma de alegria
Quero ver flores no meu e no teu jardim
Viver o sereno de um olhar transparente
Deitar-me em lençóis de flores de jasmim
E, acordar no calor de um sol eloquente
Hoje quero  correr descalça, sentir a terra
Sentir a terra molhada, quente e fria
Sentir vida na vida e na doce primavera
Sejas tu vida! o meu grito de vida


(Escrito por: Angelina Alves)




"Olho o horizonte"



(Imagem retirada da Net)

Olho a montanha que se perde
Para lá do horizonte longínquo
Lembro o prado vasto e verde
Agora: é seco, triste, perdido.
Olho o horizonte
Que se perde no meu olhar
O sol se  perdeu num dia triste
Os vales choram, teimam em ficar
Serenos: folhas secas ,chão! não existe.
Olho o horizonte
Onde o pão nascia abundante
Onde a vinha crescia na terra
O sol nascia brilhante
As flores nasciam até na serra.
Olho o horizonte que se perde no meu olhar
Muito para lá do infinito...
Olho o horizonte
Ouço o pranto dos vales que silenciam
 O bafo dos dinossauros vivos na terra
Que apazigua a dor das aves que criam 
 Os filhotes e sobrevivem na primavera
Olho o horizonte
Há gente sem cara, sem  chão
Apenas pedaços de palavras
Mastigadas numa côdea de pão
Subir escadas! cordas de nós atadas.
Olho o horizonte
Onde se perde o modo de amar
Pede-se licença para viver
Desajustes! formas de estar
Como viver -  como crescer?
Ah! infinito que te perdes
Para lá do vale perdido
De que forma, com que redes
Se pesca o peixe num rio?
Olho o horizonte
Vejo pássaros sem asas caídos 
Vejo rostos feridos na terra
Dinossauros soberbos distraídos
Não há sol. Não há luz na Primavera.

Escrito por: Angelina Alves










domingo, 20 de maio de 2012

"Confrontos de mim"


Um dia  te direi o nome do silêncio
E o pronome da solidão
E a chuva que destroi a cor dos olhos
A distância da dor, do medo
A culpa que afundou toda uma nação
E, todo o entulho feito em molhos...
Eu te direi a luz da cor do vento
O sussurro entreaberto da lua ausente
Falar-te hei das palavras, da paciência
Que é estar na dor viva, ausente, sem tempo
Estar só no meio de tanta gente
 E, viver as saudades da tua ausência...
Um dia eu te direi a face da pedra matizada
Onde nasceu a casa e o jardim
De todas as primaveras, de todas as estações
Fecundadas por todas as gotas de sangue, chorada
Por tantos homens, mulheres e crianças, enfim
De todos os seres  que tem dor em seus corações...
Um dia te direi como foi a ternura quebrada
E, como hoje eu, vejo o mundo em que vivo
Como se esconde o verde perdido na mata
Desliza o sol no silêncio de neve onde eu fico
Sigo a água que cai da montanha
Tento agarrar umas gotas perdidas
Na terra seca que de sede a água apanha
Para lavar todas as suas feridas...
Há intervalos de medo em coisas cheias de nada
Há viagens até ao sol-poente, outro continente
Há filhos e famílias que se perdem cansados
Sem rumo, sofridos;  há tanta gente
Ferida  na sua terra, sentem-se ameaçados...
Eu dia eu te direi o nome do silêncio
E o pronome da solidão
O quanto afastado está o amor da nação
Um dia te falarei do que vejo: Do que penso.
Deste tempo onde amar! não é ser solidário
Desta dor,  talhada e retalhada que me consome
 A justiça! não existe:É sempre ao contrario
Não há amor. Ausência de Tudo.Há fome.

Escrito por: Angelina Alves



 





sábado, 19 de maio de 2012

(Imagem elaborada por: Madalena Borges)

Há vida nas veias do meu castelo

Há vida, na vida da minha história

Há vida no feio, há vida no belo

Há vida no templo da minha memória

Contorno o ciclo da minha vida

Bebo-a a tragos saboreando-a

Cada momento cada gota de alegria

Vive esta alma na vida. Cantando-a

Há vida nas veias do meu castelo

E até na noite do silêncio frio

Há vida na pedra e no ferro

Nas sombras e na luz do rio.

Há vida em torno de mim

Na luz que antecede a noite

No orvalho que antecede o dia

Há vida nas águas da fonte

Águas que de ti bebia

Há vida no meu cansaço adiado

Onde as veias de mim aclamam

Por um tudo que parece parado

Olhos da vida que por mim chamam

Há vida no medo e no silêncio

E nas pedras que se calaram

Há vida no que eu penso e não penso

Ah! A cor das palavras que se cruzaram

Nas cores da vida onde a vida não morreu

E, por toda a terra e por todo o céu

Se erga as coisas da vida nomeadas

Haja vida nas palavras caladas

Doí-me a lua que soluça no mar

Doí-me o tempo em meu pleno tempo

E pelos rostos do sol e do vento

Aclamo as veias de mim, num choro de estar

Num choro de ir, choro de morte e de vida

Manter-me de pé, quando o meu castelo caia

(Escrito por: Angelina Alves)






quarta-feira, 16 de maio de 2012

"Reflexos de ti"


(Imagem elaborada e oferecida por: Madalena Borges)

Olhei as águas frias e plácidas na ânsia
De abraçar o mar azul: buscava ver-te, ter-te
Nas praias da nossa vigilância
No ambíguo de antes de abraçar-te
E, os olhos das nossas janelas
Reflectidas na transparencia das águas do mar
Onde nos sentamos nas ondas e à beira delas
No manto do mar azul deixamos-nos a flutuar.
Ah! este mar imenso de que falo
Do seu cheiro e a cor que tão bem conheço
Refresca-me na sua ausência um doce orvalho
E passa o dia e passa a noite, o teu azul, nunca esqueço
Ando descalça na areia ainda molhada
Tu! passas nas aladas névoas de um vento ausente
Deixo-me transportar nas asas da alegria abençoada
Cruzamos os oceanos, os mares  e a urze inocente
Nos aclama e repõe nas nossas pegadas
O brilho dos olhos das nossas janelas
E, juntos vivemos a beleza delas
Caminhamos na areia molhada de mãos dadas.
Eterna é a nossa terra, a lua e o nosso mar
Que choram por nós um choro oculto
Regam as flores do nosso sorriso a cantar
Ah! Este meu mar meu abrigo. Meu escudo.
Subo às montanhas, o sol brilha na minha alma
Ao fundo o mar azul, plácido, águas reflexo
Escuta-me na sensatez da razão e da vida iluminada 
Viajo pelo céu, pela terra e pelo meu mar azul. Amplexo.

..
Escrito por: Angelina Alves







sábado, 12 de maio de 2012

"DUNAS"




Olho o horizonte que se perde do meu olhar

Lá longe muito para lá do infinito

Estão as dunas das nossas histórias

Areia, ondas suaves transbordavam do mar

Ondas em melodias , cântico tão lindo

Dunas, sonhos, vidas das minhas memórias…

Aperto os dedos nas minhas mãos cheias de nada

Por onde me escorrem lágrimas de tanta saudade

Dunas da minha infância, cidade da minha alegria

Dunas, falésias, amor de uma vida inteira, agora parada

Sem ti, perdi o rumo da liberdade

Perdi as asas nas dunas da nossa vida…

Ah! Lágrimas em que me lavo

Nas dunas das nossas vidas

Ah! Saudades que tanto travo

Vida! Dunas nunca esquecidas…

Chega a mim um fio de água pura

Que me traz á realidade da vida

No céu brilha uma estrela em candura

Aquece o meu coração de sorrisos , de alegria.

A ti cidade, das dunas que eu tanto amo

E, ainda que eu fraquege

E, ainda que de saudades tanto suspire

Mais a mim me fortace

Ah dunas! Saudades que por ti vive…

( Escrito por: Angelina Alves)



sexta-feira, 11 de maio de 2012

"DESENCONTROS"


8Imagem elaborada e oferecida por: Ana Paula)

Caminhei por entre a tua sombra

Em desmedidos gestos me cerquei

Em silêncio e medo

Por caminhos longínquos eu andei

... De ti o meu desencontro

Não há estrelas tudo é ermo

O tempo distanciou-nos impôs-se a nós

Anulou tudo o que nos unia

Deixando-nos distantes e sós

Para nós o afastamento se previa

E vinha a noite e de ti

A saudade me cercava

Brumas miragens me mostravam

À distancia eu por ti chamava

Silenciei as palavras a ti não chegaram

Porém junto aos meus passos

Os teus passos eu sentia

Beijos sonhos abraços

Levados com a minha alegria.

Deixei de ver as cores que eu amava

Deixei de ver o brilho do sol

E a limpidez da água

Deixei de ver o verde da natureza

E a minha cidade sem ti perdeu a beleza

De repente

Olhei a minha sombra sobre a terra

Vi gente

Lembrei quem eu era

E o que a vida tinha feito de mim

A cor cinza não era a cor da Primavera

Não queria ficar assim.

Sentir a dor da minha prisão

Sentir o meu templo abandonado

Foi assim que meu destino ficou marcado

De vaguear na solidão do meu deserto

Sentir o amor desencontrado

Sinti-lo tão longe e calado

E outras vezes senti-lo de mim tão perto

Do meu templo por ti habitado.

(Escrito em 1992 por:Angelina Alves)
 
 
 
 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

"Que encanto"




Vou partir em direcção ao sol que se põe no horizonte

Agarrar todas as palavras que deitei ao vento

E nas pedras eu vou escrever o teu nome

Para que nunca se apague em todo o tempo

Vou partir em direcção ao sol que se põe no horizonte

Descobrir as estrelas perdidas pelos céus

Entrar no deserto da mais bela fonte

Desaguar no mar , desencadear estrelas nos véus

Dos teus olhos negros, dar-lhes ternura. Nunca finda

E, no teu ouvido segredar: Amo-te tanto amor, tanto e tanto

Gritar aos ventos o nosso amor, como te amei e amo ainda

Ah! Meu amor: Como é tão grande o teu encanto.

Vou partir em direcção ao sol que se põe no horizonte

Falar-te deste encanto teu e meu e, continua enquanto

Sofro a ausência de ti, mudo ficas-te para lá do monte

Quando a paz do teu silêncio te afastou do nosso canto…

Um cântico da terra chegou de novo

Renasce amor na humanidade inteira

Canta para nós a melodia de todo um povo

Que nos aplaudiu, ontem e hoje da mesma maneira.

Há um amor que no tempo nunca se apaga, nunca passa

Que encanto foi o teu?

Bebi do teu orvalho eterno o véu da tua graça

Que encanto foi o meu?

Escrito por: Angelina Alves





domingo, 6 de maio de 2012


(Imagem elaborada e oferecida pela querida Mada)

"Mãe"

Foste  e és a melhor mãe do mundo
Fui amada por ti meu lindo ser
Acolinhada, amada no teu ser mais profundo
Deste-me vida e tanta alegria no meu crescer.
Lembro-me do teu colo e do teu mimar
Do teu aconchego tão cheio do teu calor
Lembro as histórias inventadas por ti a cantar
E da doçura do teu grande amor.
Eternamente grata por teres sido sábia no teu ensinar
Tu que regas-te alegremente as flores do teu sorriso
Quando de tristeza o teu coração sofria de dor
Faltava-te o pão  para pores na mesa tempo sofrido
Mas amor: Ah! Enches-te teus filhos de amor.
Sofreste a distância de um marido ausente, na guerra
Nascia-te um filho em cada Primavera e em cada Verão
Descobris-te que havia vida na pedra
Vida: Ah vida!  A vida que te deu o pão.
Empurravas as tristezas bem no fundo da tua algibeira
Tantas lutas e cansassos para criares os teus filhos queridos
Tantas lágrimas choradas no ombro da tua cabeceira
Mas tu! Mãe grande mulher: Sempre nos mantives-te unidos.
Hoje estás já velhinha e muito cansada
No meu coração és e serás sempre a minha mãe querida
Obrigada por tudo o que  pelos teus filhos fizeste Mãe amada
Amam-te os teus filhos queridos por toda a vida.

 (Dedico a todas as Mães que lutaram e amaram os seus filhos)

Escrito por: Angelina Alves



sábado, 5 de maio de 2012

"Mulher"






Ser mulher é ter uma alma talhada

É ter, nobreza para cumprir o seu destino

É pegar em cada madrugada

Em todos os sorrisos e lágrimas

Transforma-los num doce hino.

Ser mulher, mãe, esposa e amante

Olhar a vida com clareza

Ser navegante e sábia constante

Numa união de amor e beleza.

Ser mulher é ter esperança na vida

É ter desejo a um sonho superior

É ser o sol, a lua e a chuva colorida

Ser guerreira, lutadora e brilhante.

Ser mulher é olhar a vida com clareza

É viver sua glória em liberdade
 
É subir a escalada da vida com firmeza

Ser mulher é amar e amar-se com verdade.

Ser mulher é ter coragem de se assumir

O mau o bom derrotas ou vitórias

É saber por nos olhos lágrimas a sorrir

Quando sua vida é recortada em histórias.

É ler os seus sonhos escondidos

Em páginas amarelecidas de livros esquecidos

Snti-los vibrar com a pontuação

Aquecer cada rima dentro do coração

Sentir seus sonhos vivos dia a dia

Escritos como se fossem poesia.

 
(Angelina Alves)