sábado, 16 de julho de 2011

"PENSAMENTOS CRUZADOS"




Amamos-nos em sonhos tão belos
Tanto amor tanta beleza e quem
Não tem vontade em tê-los
Sonhar amar haverá alguém
Que o simples e belo não o deseja
E que ao seu sonho não responde
Porque desejado já o seja
Por outro que se nega que se esconde.
E há gestos belos amor e sexo
Um corpo quente em movimento
E move-se um outro corpo amplexo
E o belo no mais belo puro intento
Fecho os olhos para somente te ver
E sentir o teu corpo quente e então
No silêncio sinto meu êxtase ferver
Simplesmente belo nós um só coração.
Deitei fora algumas coisas
Para desfraldar
O meu canto de amor
Reparti-o no azul das estrelas
Aprendi a soletrar
O teu nome e escrevi-o em todas as janelas
Abertas no palco da vida
São os mágicos sinais
Que vão abrindo a constelação dos girassóis
Que giram em círculos de amor por toda a terra...
Uno os pedaços de todas as palavras
Os estilhaços de todas as estrelas
O nascimento a morte e a junção
De todas as vidas perdidas e encontradas
 O belo de todas as coisas belas
O meu no teu coração
Atravessando todos os vales e todas as serras
Que se una a argila e o orvalho
O pão e a tristeza
Que perdure o amor que eu vi nascer
Que haja vida e amor no trabalho
Em todos os corações haja sorrisos haja grandeza
Que o belo seja mais belo haja vida haja prazer....

(Angelina Alves)



quinta-feira, 14 de julho de 2011

"PENSAMENTOS À BEIRA MAR"



Uma névoa branca
Hasteava o dia
Num terno esboço de pureza
Embalava a nossa poesia
Ficar e sonhar
Com o segredo das pedras e dos passos
Nelas adormecidos
Abriam-se nos céus novos espaços
Angelicamente prometidos
Ao voo dos pássaros
Á beira mar
Olhava o esplendor entre os navios
Na hora do lusco fusco matinal
Avistava  navios barcos casarios
Numa solene onda musical
Ainda o archeiro
Olhava a desorientada flecha
Que redonda caia na sua angustia
Tudo andava eu quieta
À beira mar
A tarde de rosto escondido levada
Num final de esplendor
Fundo de tela pintada
Ah! tanta vida tanta cor...
Vi ainda o vento em movimento
E tantos olhos que neles fitam
Vi o fogo de artificio
Vi a pena e vi a dor
 Vi homens e mulheres que na terra habitam
Vi amor e vi tanto sacrificio
Vi gente e vi ninguém
Vi o sol e as estrelas
Vi a costa num vai  vem
Vi as grandes ondas belas
E tudo se repetia
A dor agarrada à tristeza
O pobre e a burguesia
Se juntavam na mesma mesa
Numa farça representada
E tudo se movia
Naquela terra parada
À beira mar...

(Angelina Alves)



domingo, 10 de julho de 2011

"AQUELE RIO"


Amamos aquele rio
Como ontem e hoje amamos
E tão próximamente sentimos
A frescura dos vales
Que caíam em crateras
Como estrelas
E nós sentimos
O calor daquela hora quase morta
O chegar vagarosa da noite
Iluminada a velas
De sorrisos constantes
Amamos aquele rio
Que nos ligava sob a ponte
Aonde o meu amor se mantêm como dantes
Aonde o meu amor
Está tão aproximadamente de ti
Sinto a corrente que me lava
E me leva a ti a semente
Na corrente
Da terra que o rio lavra
Ainda é a mesma origem
A água que nos inundou de vida
Que inundou os nossos corpos
Poderia morrer hoje
Mas não, não ainda
Tu meu lago meu vento
Minha vida em qualidade
Minha força meu alento
Minha música de água verdade 
No meu corpo minha vida
És a medida dos meus versos
Relembrada na aragem do rio
Que nos vestiu e nos tomou imersos
Em tardes irregulares passo a passo
Em sossego de tempos a quente a frio
Ah! mão cheia de agonias
Pano branco imaculado como a flor
No lume que nos queimou
Que me queima  iluminas
És minha chuva meu rio meu amor...

(Angelina Alves)


sábado, 2 de julho de 2011

"A essência do ser humano"


O conhecimento da alma, é a essência da vida, comunicar com o coração reflecte no brilho do nosso olhar. É paradoxal que de todas as criaturas da terra apenas os homens devam suprimir o medo da morte, para , poderem viver a vida normalmente. Contudo, o instinto biológico jamais nos permite, o esquecimento deste último perigo que ameaça o nosso ser, pois à medida que envelhecemos o espectro da morte, ergue-se na nossa consciência, até os que possuem sentimentos religiosos temem que a morte seja o fim da individualidade. De facto a vida não teria qualquer significado, "para mim" se a morte fosse o fim de tudo aquilo que somos. se na verdade temos uma alma, (eu acredito que sim) será a nossa alma a nossa verdadeira essência; a verdadeira essência do ser humano?



A serra estava cortada a  diamante
A lavra corria pelas terras aclaradas era dia
No mar onda a onda melodia confiante
No vale a flor cansada se erguia.
O sol a medo brilhava
Aquecendo a terra com timidez
A lua escondida lá estava
Lá se avistava de quando em vez.
Enrolei-me nas quentes areias
Onde minha alma já fizera  um esforço
Para carregar o meu corpo já com teias
Minha vida passava ao lado como esboço.
Chegou a mim uma dor tão tensa
Que quase encheu a minha dor de cólera
Minha alma minha doce essência
Encheu-me de luz naquela hora.
Vi sementes lindas e sementes feias
E vi movimentar  meu corpo nas quentes areias
Como um filme vi na tela as minhas outras vidas
E tudo fui outra vez em tristezas e alegrias
Minha essência! minha alma...

(Angelina Alves)