sábado, 1 de abril de 2017

Há uma luz que se esvazia nos  olhos tristes, como um vulto num espaço opaco, todavia fica a memória  que em vão procura abrir-se a imagens de lembranças: rostos, sítios, mares, terras e até corpos delicados num curvar de ombros ou perfis. Sempre se recorda, ou se sonha do que mesmo sendo já antigo no tempo, foi e é ardente em nosso tempo. Vemo-nos em outros rostos, em outros gestos e embora o passado não nos alimente; alimenta o vivo quadro,  acendido em sonhos e lembranças. Mas o passado sempre se renova em cores e em formas ainda que sejam repetidas. E quando esse halo opaco se esvazia, a pouco, e pouco nos rodeia a vida, nem sequer o lembrar nos resta, porque os sonhos não se entregam: Crepuscular a luz obscurece  tudo.
Que interessa ter as mãos cheias de ouro
Quando o fogo da vida apagou
Os rebentos mais lindos, o mais valioso tesouro
O folgo da vida: A vida levou.
E quantas lembranças e quantas imagens
Se perderam na longa viagem do tempo?
Oceanos, mares, vales, gente; miragens
Crepuscular a luz que  apazigua o vento
Trava tempestades e põe os olhos tristes
A joia mais bela da vida, a própria vida
Ardente é o corpo: vida existe
Rostos, corpos delicados da alegria
Que seja florida a compreensão
Renovadas as cores e as formas repetidas
Vida, Onde há vida há sonho, há coração
O crepuscular da luz em nossas vidas…
Escrito por: Angelina Alves







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