sexta-feira, 23 de setembro de 2011

"Ave sofrida"


Vives lentamente as flores do riso
Mergulhado nos teus lençóis de dor
Vives um sonho de um paraiso
E  na ilusão de ti aclamas amor
De neve em neve de lume a lume
Atiras palavras  como que guardadas
Numa inconsciente e velha algibeira
Flores de riso malfadadas
Feres  gente que de ti se abeira 
E de mãos vazias tento agarrar a tua dor
Ponho no meu olhar 
Um falso bem estar
Mas de peso lúbrico e triste
Perco as forças para te ajudar
Vivo assim a tua dor
Que tambem em mim existe.
Tens a vida da ave  que atravessou
O instinto da noite em grito marítimo
Invadida pelas ondas de madrugada
Beijas  os ombros da vida muda
Tanta e tantas vezes adiada
 Palavras hostis sem substância
Ao lado de uma alegria enganada
Sofres  a tua  dor já tão sofrida
Já tão prolongada..
Ao longe a imagem inacessível
E casta de um certo pensamento
Ora de alegria ora de dor
Vive assim uma ave
Sobre lençóis mordidos
Por flores de água de amor
Sobre socalcos  aclama
A cor da resina e o cheiro da terra
Deita seu corpo no dorso de seus dedos
 Esvoaça de dor pelos ventos que leva
Seus sonhos sofre  a ave na dor silenciosa
E quase só enfrenta todos os medos
Os bordões da melodia de todos os rios
De todos os sonhos inacabados
Que se aclama e reclama
Mas moverás ainda as águas que terás
A alegria consciente da consciência
E vais trazer o florir ao espírito em todos os lados
Cantarei exaltante o hino da paz.


"Dedico estas palavras a todas as pessoas que sofrem a dor de alguém que amam"

(Angelina Alves) 


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