terça-feira, 17 de janeiro de 2012

"Contrastes"



Os peixes moviam-se ao cimo da  água cristalina do mar azul, e perdiam-se em cardumes pelo mar imenso da costa cor do céu e da terra em contrastes de verde, azul e cinza: Eu, perdia-me naquele tempo, tentando filtrar na minha retina tão grande beleza , para não mais esquecer...
Era ainda menina quando entrei pelo mar adentro sem receios como que dele sempre tivesse feito parte: como que ele, o mar sempre tivesse sido o meu leito de agasalho, de ensino e de amor. Andava sempre com um saquito na mão, apanhava conchas e pedras todas diferentes, levava-as para casa e no sótão no baú da avó Zélia, eu as guardava como que fossem o meu mais valioso tesouro. Os anos passaram tão depressa, notei a grande diferença aquando naquele dia no mesmo mar azul eu tentava apanhar as mesmas pedrinhas, ou outras e as conchas e, já nada havia. Tudo estava mudado. O mar continuava azul, embora, a água não fosse tão cristalina, nem os cardumes de peixes eu vi mais.
Havia agora um abismo nas escuras profundezas  até havia peixes - poetas no suporte do sono imemorial do homem. Havia os maus e os inocentes  no mesmo mar azul turvando a água cristalina de outrora. Olhei o mar aflito e rouco pelo grito ao sol que arrancara do antigo mar o pão que muitos haviam de comer...
Quando abri o baú da avó Zélia, agarrei no " meu tesouro" e devolvi-o ao mar na convicção que o havia roubado...Há tantas formas vãs do mudável pensamento, formas organizadas em sonho: Há cânticos de melodias que nos finalizam a hora da chegada ou da partida. E, há sempre as magnólias matinais que se vestem de branco no nosso amanhecer, moldurando a terra e o mar num entardecer sem igual. Vagueiam os pássaros dinossantes, ofuscando o vago das estrelas; Não se chocam as proas de galeras nos céus: Em silêncio mandam para nós pedras finas de losangos frios, no rigor do inesgotável sentido da vida. Os suaves afectos permanecem na nossa memória com todas as forças na terra viva...

Escrito por: Angelina Alves

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