sábado, 18 de junho de 2011

"O Cais"



O Céu abriu-se em lágrimas
Sobre a cidade que tanto amei
Esmagavam-se uma a uma as casas
E, no cais o pôr do sol que contigo contemplei
Não é mais que um leito de morte
Gente entregue à sua  própria sorte
África minha! Terra que por ti tanto chorei
E, lá ficaram crostas de silêncio
Lá ficou o nosso reino o teu e o meu lugar
Ouço cair as folhas no Outono sobre o asfalto
E sem medo deixo-me ficar
Olhando todos os espaços o fundo o alto
Pesadamente cai um vento
Aragem em aragem  tu desfolhas
Pouso os meus olhos sobre esse tempo
Tempo meu doce tempo que não mais olhas
No espaço a musica certa na alma
Para tão longe fomos para estar tão perto
Da magia daquela terra que nos encheu de calma
Da distância que marcou em nós deserto 
Deserto de fontes sem vida
 Lá ficou a nossa história
O nosso amor e a nossa alegria
Lá o sol aquecia a nossa alma noite e dia
Tudo guardado na minha memória...


(Angelina Alves)





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