sexta-feira, 14 de junho de 2013


O sol fechara a tarde

Sobre a minha ventura

Partiu sem marcar hora

Perdeu o dia todo o encanto

Quando a ternura do teu olhar

Apagou o som a palavra definitiva

... Eu quis gritar

Quis erguer as caídas esperanças

Passei as minhas mãos

Pela tua face beijei-te em lembranças

Apenas me consegui recolher

Em meus pensamentos

Sentindo um vago rumor

O rumor dos guizos á beira mar

Silênciei os meus momentos

As palavras bateram descontroladas

O sol ainda me iluminava

Enquanto com os meus olhos o recolhia...

Caiu um fumo sobre um buraco de luz

Mais volúvel que um bando de pássaros

Senti-me morrer em todos os gestos

Senti-me fraquejar nos meus passos

Na tela ao fundo a tua história

A tua face é um jardim de estátua

Fiz o caminho ao avesso

Mas com toda a solenidade

Farei o caminho de regresso

Enquanto o espelho se vira

Recomponho a dura realidade

E, tudo começa pelo começo.

Assim passa a noite e o dia

Apenas toca um sino a perturbar

As linhas de um rosto que recompus

Abri a janela deixei entrar

O som da atmosfera vinda de fora

Arrumei a paisagem quotidiana

Marquei-me na minha profunda solidão

E, ao olhar ao fundo as colinas

Olho-te: Sinto-te. és o meu sorriso e inspiração

E, sem medo ergui-me

Deixei entrar ar pelas minhas narinas

Levantei-me do chão...

Amanhã!

Amanhã será um novo dia

Tu! viverás para sempre no meu coração.


"Dedicado à minha amada filha"

 
(Escrito por: Angelina Alves)


sexta-feira, 17 de maio de 2013



Tinha ideias em vender um pequeno espaço com cerca de um hectare. Uma casinha localizada numa aldeia perto de chaves a cidade pacata onde vivo. Já tinha colocado a placa: Vendo, mas de repente, o som das águas que correm no rio Tâmega fizeram-me parar e, fiquei fixa no som e na beleza que abrangia toda a minha vista. Por todas as janelas eu olho os montes, as montanhas e o rio que corta estes vales num som enriquecido de um verde, de um frio, de um som únicos jamais lembrados na minha memória. A casa é rodeada de plantas, flores e árvores que enriquecem de maravilhas este local. Ao longe, ainda avisto as montanhas de Espanha que se juntam às de Portugal alinham em contrastes de maravilha. Simplesmente belo. Pensei e pensei. Retirei a placa de venda. Não podia desfazer-me de tanta beleza.


Vai a caminho de um ano que alguém me deu de herança este pequeno espaço. A casinha é uma casinha rural pequena, mas muito acolhedora. Arranjei-a ao meu jeito e passei a vir para cá aos fins-de-semana. Aqui tenho encontrado muita tranquilidade, paz de espirito e alguma alegria. A queda de água do rio Tâmega faz entoar uma melodia que se assemelha ao cantar dos pássaros e traz ao meu coração triste o sonho lindo da primavera e traz-me à razão. A razão da vida. A primavera florida, vestida de todas as cores; Este sítio traz-me à memória todos os contrastes, todas as cores já tão gastas no tempo. Chamo-lhe! O meu jardim secreto, onde me refugio, me recupero me rejuvenesço me extasio, liberto as minhas tristezas, apaziguo a minha dor, renovo o meu sorriso, “falo com Deus quase o sinto” Tudo relembro. Tudo revivo. Aqui tudo é profundo. Tudo é belo. Esta foi a grande dádiva, a generosidade de uma grande alma.


Quero desfraldar um canto de amor

Partilho contigo e com as estrelas

O meu jardim secreto

Arranco do meu peito a dor

E, escrevo o teu nome nas telas

Do painel da vida. Nas tuas mãos as minhas mãos aperto.

No meu jardim os teus sorrisos vivem

Na casa e no seu aconchego e até nas janelas

De onde alcanço tamanha beleza

Transmito para ti tudo o que os meus olhos dizem

Escrevo o teu nome nas estrelas

Extasio-me leve leveza.

Em movimento a vida ilumina

A sombra ficou transparente

Há a noite e há o dia

Para ti o meu sorriso. Sempre

.
(Dedicado à minha amada filha)


 
Escrito por: Angelina Alves

sábado, 4 de maio de 2013



O olhar dourado da tua infância

A perfeita sintonia das quatro estações do ano

Eram para mim a certeza que tu eras a mais bela

A mais bela filha que uma mãe poderia ter

Eras doce, inteligente, lutadora e dinâmica

Contagiavas com um sorriso lindo: Eu amo

Amo tudo o que tu foste nesta abençoada terra

E, amo-te sempre, embora não mais te possa ver.

Escrevo para ti minha prosa de grãos de terra na mão

Tu foste a minha vida a minha razão mais sublime

Foste a mais bela e a mais profunda companhia

Que fez sorrir e encantar o meu coração

Foste a perfeita igualdade: Tão pouco há que me anime

Na tristeza que sem ti ficou a minha vida.

Resta o meu jardim onde vejo em cada flor

A tua vida no desabrochar da tua infância

Em cada pétala de rosa o teu cheiro fresco da vida

Em cada grão de terra a tua luta, coragem, amor

Os vales trazem-me as tuas melodias de criança.

Na relva vejo ainda as tuas pegadas

Acredito que um dia a alegria voltará

Voltaram a sorrir os meus olhos das aladas

Névoas que o próprio tempo apaziguará.

Escrito por: Angelina Alves

quarta-feira, 1 de maio de 2013

"Extractos"




Quero unir todos os pedaços

Das nossas vidas

De cada palavra tua dita em verso

Guiar-me seguindo os passos

Que contigo foram dados com alegria

E, vou virar tudo do avesso...

Quero sentir o ar vindo do oceano

Banhar-me nas brumas quentes das areias do mar

Quero ser uma pomba branca que voa solta

Voar pelos céus percorrer o seu encanto

Oh! meu amor...Até poder-te encontrar

Beber o teu sorriso e trazeres-me de volta...

Acordar só quando estivéssemos juntos de novo

Como quando a vida nos uniu

Naquela primavera tão cheia de encanto

Subimos a todos os cumes, brindamos com o povo

Aquele que as portas abriu

Aquele que enterrou o nosso pranto

Quando de nós no cais se despediu...

Quero unir pedaços de palavras

Aquelas que uniram a argila e o orvalho, alegria amor

Aquelas que uniram a nossa vida

Que partida e repartida de vivencias inacabadas

De sonhos interrompidos, partidas e tanta dor

Lembrar-te! Ah o teu sorriso me extasia.

Deixo-me embalar nesta melodia de sonho

E, sem me desligar do mundo real que me atropela

E do cansaço da vida que tanto me dói

Eu uno todas as palavras e depois as solto ao vento

À terra, ao mar, e ao sol que por mim vela

Viverá para sempre o nosso amor nada o destrói

A nossa história viverá em todo o tempo...



Escrito por: Angelina Alves






terça-feira, 9 de abril de 2013


~

Há uma luz que se esvazia nos olhos tristes, como um vulto num espaço opaco, todavia fica a memória que em vão procura abrir-se a imagens de lembranças: rostos, sítios, mares, terras e até corpos delicados num curvar de ombros ou perfis. Sempre se recorda, ou se sonha do que mesmo sendo já antigo no tempo, foi e é ardente em nosso tempo. Vemo-nos em outros rostos, em outros gestos e embora o passado não nos alimente; alimenta o vivo quadro, acendido em sonhos e lembranças. Mas o passado sempre se renova em cores e em formas ainda que sejam repetidas. E quando esse halo opaco se esvazia, a pouco e pouco nos rodeia a vida, nem sequer o lembrar nos resta, porque os sonhos não se entregam: Crepuscular a luz obscurece tudo.

Que interessa ter as mãos cheias de ouro

Quando o fogo da vida apagou

Os rebentos mais lindos, o mais valioso tesouro

O folgo da vida: A vida levou.

E quantas lembranças e quantas imagens

Se perderam na longa viagem do tempo?

Oceanos, mares, vales, gente; miragens

crepuscular a luz que apazigua o vento

Trava tempestades e põe os olhos tristes

A joia mais bela da vida, a própria vida

Ardente é o corpo: vida existes

Rostos, corpos delicados da alegria

Que seja florida a compreensão

Renovadas as cores e as formas repetidas

Vida, Onde há vida há sonho, há coração

O crepuscular da luz em nossas vidas…

Escrito por: Angelina Alves

domingo, 17 de março de 2013




Por entre a minha janela

Olho as montanhas que avisto lá ao fundo

As nuvens esvanecidas deixam antever

Um sol que se vai mostrando mansamente:

Olho a montanha ainda vestida de branco, bela

O branco, a luz do sol trazem-te ao meu mundo

... Por breves momentos deixas-te ver

O teu sorriso espalha-se pela atmosfera alegremente.

E, mais uma vez a abóboda da tarde acaba

O sol finda sobre a minha janela

Vejo-o partir sempre à mesma hora

E, também o vejo chegar:

O silêncio da terra me embala e cala

A lua já me sessega

O mar que em minha mente sempre mora

Deixa-me leve, a sonhar.

Abro as portas da minha alma

Deixo toda a tristeza sair

Ergo todas as minhas esperanças

Ao sol que há pouco me iluminava:

Deixo-me ir

Pensamentos de ti, lembranças

A força do teu sorriso que eu, tanto amava.

A bruma de ontem voou

O sol cortado a diamante

Lavrou a terra, aprofundou o dia

O mar mostrou-se confiante

A flor na terra floria

A melodia nasceu, para ti a minha alma cantou.

Escrito por: Angelina Alves



segunda-feira, 4 de março de 2013

""Meu Deus"


Meu Deus: Faço-te confidência da minha tristeza com as minhas palavras a ti dirigidas cheias de lágrimas. És meu Pai e, como meu Pai!sei que olhas por mim, que me proteges: Alivia-me esta minha angustia que sufoca dentro do meu peito; Dá-me forças para suportar o fardo que está tão pesado, que quase me derruba nesta minha caminhada tão conturbada. Falo-te por entre lágrimas que já queimaram o meu rosto, com dores que já me deixaram cicatrizes, com lutas que quase já me levaram à exaustão e, eu, continuo tão crente em ti, como sempre, porque Tu! És o meu Pai. Peço-te ajuda para que minha alma se inunda de paz e assim apazigue o meu coração. Apaga do meu rosto este ar de sofrimento: Senta-te a meu lado e deixa que eu sinta uma brisa suave limpando minhas lágrimas deste rosto tão cansado.Esclarece-me meu Deus com um raio de esperança todas as minhas dúvidas para que eu possa seguir um caminho ainda que espinhoso, seja o certo. Tem sido esta minha caminhada tão conturbada e, nem mesmo sei se este é o caminho certo para chegar a Ti...
Até a natureza parece tomar parte da minha tristeza. Há dias em que o sol esconde os seus raios e cai uma chuva torrencial em torno de mim. Tu! conheces bem o teor das minhas palavras; Pois tu! tudo sabes, tudo vês. Será a natureza, a natureza da minha alma? Pois tenho notado que em todas as circunstâncias graves da minha vida, olho a natureza como a imagem da minha alma e assim choram os céus esta chuva de torrências.

Quando chorar, deixa que o céu chore comigo e, não deixes que nuvem nenhuma obscureça o azul do firmamento e eu tenha forças para levar nesta minha caminhada este meu pesado fardo.

(Angelina Alves)