domingo, 1 de abril de 2012

À beira mar

Uma névoa branca

Hasteava o dia

Num terno esboço de pureza

Embalava a nossa poesia

Ficar e sonhar

Com o segredo das pedras e dos passos

Nelas adormecidos

Abriam-se nos céus novos espaços

Angelicamente prometidos

Ao voo dos pássaros

Á beira mar

Olhava o esplendor entre os navios

Na hora do lusco fusco matinal

Avistava navios barcos casarios

Numa solene onda musical

Ainda o archeiro

Olhava a desorientada flecha

Que redonda caia na sua angustia

Tudo andava eu quieta

À beira mar

A tarde de rosto escondido levada

Num final de esplendor

Fundo de tela pintada

Ah! tanta vida tanta cor...

Vi ainda o vento em movimento

E tantos olhos que neles fitam

Vi o fogo de artificio

Vi a pena e vi a dor

Vi homens e mulheres que na terra habitam

Vi amor e vi tanto sacrificio

Vi gente e vi ninguém

Vi o sol e as estrelas

Vi a costa num vai vem

Vi as grandes ondas belas

E tudo se repetia

A dor agarrada à tristeza

O pobre e a burguesia

Se juntavam na mesma mesa

Numa farça representada

E tudo se movia

Naquela terra parada

À beira mar...

Escrito por: Angelina Alves


Sem comentários: