sábado, 14 de abril de 2012

Quando penso que há mais de cinquenta anos, olho o céu, o mar e a terra e, há uns tantos que escrevo sobre a vida à minha volta e tudo o que ela encerra, questiono-me tantas vezes que fazer com os espaços que ficaram vazios, os amigos que se foram sem deixar rasto e os que morreram, que embora nunca esquecidos os seus espaços estão vazios. E, os poetas que eu tanto amei e neles me debrucei alinhando as minhas letras em geito de poesia. Folhear um livro de moradas, a velha lista de telefones já desatualisada, e até mesmo quem mal conheci, mas ás vezes com eles me cruzava. Questioino-me a mim mesma se outros mais felizes que eu, terão assim vazio os seus espaços e sentem vazia a sua vida, assim como eu!?...

Creio que não. A deles se reduz, encolhe de miséria consentida, e torna-se uma sala de visitas onde recebem dia e noite os seus amigos novos. Mas quem de liberdade e lealdade, como o amor humano se viveu, fica num espaço cada vez mais vasto, onde os vivos que trairam e os mortos que morreram tremem de ser lembrados com saudade ardente. E o espaço fica – ah se fica – e ninguém ousa mais que espreitar a medo para dentro dele pelas grades de um verso em que palpita a vida, tão pura e tão ausente como quando um dia, primeiro ela vibrou um cheiro a maresia, ascendendo das águas, luminosas, num corpo ainda escamoso cuja pele seria este sabor de esapaço de ternura
em solidão perfeita descobrindo o amor.



No ar quase em memória

Finda o dia na minha alma

Infantil a minha história

Canta, reza pergunta e fala

Há uma lágrima presa na minha voz

E aos meus dias como a ilusão

Canto o orvalho a musica a sós

Vazio o espaço triste solidão

Porque escrevo ainda?

Porque uso as palavras cantando?

Porque nada em mim finda

Enquanto ouver pássaros voando

Até quando terei eu o uso das palavras

O uso das frases inacabadas que dançam

E, a voz enrrouquecida no peito das lavas

ondulantes que me tolhem que me encantam

Há um espaço, um cheiro sem tempo

Há palavras cantadas por todo o úniverso

Que nunca morrem, nem as leva o vento

Há espaços, dores e solidão em verso

E, há sons que são de encantamento

De magia, de alegria ou de suplício

Haverá uma música em todo o tempo

Cantável é a musica do amor por quem suspiro…

 
Escrito por: Angelina Alves
 
 
 
 
 

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